PARQUE NACIONAL BRASÍLIA

(ÁGUA MINERAL)

1ª PARTE

2ª PARTE

3ª PARTE

4ª PARTE

5ª PARTE

6ª PARTE

7ª PARTE

8ª PARTE

9ª PARTE

 

INFORMAÇÕES IMPORTANTES:

 

QUANDO IR:

O PARNA pode ser visitado em qualquer época do ano. Durante a época da seca, de junho a outubro, as trilhas estão mais firmes. Na época das chuvas, de outubro a abril, ocorre muitos raios e trombas d’água (quando os riachos e rios enchem de repente e arrastam tudo que estiver pela frente). Portanto, a melhor época seria maio e junho, pois a vegetação ainda está verde, as trilhas secas e boas de se caminhar e as cachoeiras ainda estão cheias com suas águas cristalinas.

 

O QUE LEVAR:

Leve meias especiais, esparadrapo e algodão, repelente, protetor solar, boné, óculos de sol, roupas de uso pessoal (prefira as de nylon ou de material leve), um bom GPS com as coordenadas já marcadas, power bank (carregador para aparelhos eletrônicos), lanterna de testa, aparelhos eletrônicos pessoais, barras de cereal, bananas desidratadas, uma ou outra bebida energética, etc.

Leve um Específico Pessoa para amenizar eventuais picadas de animais peçonhentos para as primeiras horas.

Leve também roupas de banho e muita água para beber.

Leve um bom tênis para as caminhadas e se preferir ir de bota escolha uma de cano alto.

 

COMO CHEGAR:

É só chegar à capital federal do Brasil por vários caminhos e de vários meios.

           

CIDADES DE APOIO:

Lógico que é Brasília-DF (Plano Piloto), pois Brasília não é o Distrito Federal. Outras cidades que podem servir de apoio são Brazlândia-DF e Sobradinho-DF.

 

ATRAÇÕES:

No PARNA há piscinas naturais de água corrente, corredeiras, cachoeiras, grutas, trilhas, avistamento de animais selvagens, sítios históricos, estradas reais, mirantes, etc.

 

DICAS:

No trecho comercial da Chapada Imperial pode-se ir de tênis nos três tipos de trilhas, assim como nas trilhas da Capivara e do Cristal D’Água na Parte Antiga. Já nas áreas remotas, caso consiga uma autorização especial, é necessário estar sempre com um guia ou brigadista e sempre de botas e com um carro de apoio, pois há muitos animais peçonhentos, antas e até mesmo jaguatiricas e onças.

Procure ir sempre na época da seca nas quedas d’águas da Parte Nova do PARNA para se evitar eventuais trombas d’águas. Porém, nada lhe proíbe de ir nas estações chuvosas, contanto que esteja sempre alerta a este fenômeno imprevisível e aos raios.

É possível dormir ou acampar em algumas áreas. Consulte o ICMBio.

Não deixe de pegar a autorização do ICMBio caso for caminhar nas trilhas mais remotas do PARNA.

Procure ir sempre de calça e camisa manga longa de tecidos finos para se proteger do sol e dos mosquitos.

Nunca faça as trilhas sozinho.

A água para beber é fundamental.

Fique atento aos animais peçonhentos.

                       

RISCOS:

Raios, ventanias, chuvas fortes, trombas d’águas na época chuvosa, muito calor, etc.

Onças, jaguatiricas, animais peçonhentos e outros animais selvagens.

Acidentes de forma geral, se perder, quedas e tombos, escorregões, afogamentos, cortes e arranhões, picadas, mordidas, etc.

 

DIÁRIOS:

 

PARTE ANTIGA:

Durante a minha infância e juventude sempre que podia eu ia visitar esse PARNA, o qual também é conhecido pelo nome de ÁGUA MINERAL e é o maior PARNA Nacional urbano do país e um dos maiores do mundo neste sentido. Eu sempre ia só na área turística, ou seja, nas piscinas naturais (Pedreira) com suas águas geladas e refrescantes.

Depois de muitos anos resolvi voltar para conhecer por completo este PARNA. Após muita burocracia, ainda mais nesta época de pandemia, consegui as devidas autorizações para conhecer todo o PARNA, porém, nas áreas remotas eu teria que ir sempre acompanhado com algum brigadista. Fui primeiro à Piscina Velha (Pedreira) e foi bom porque a visitação estava proibida e pude percorrer tudo por ali sozinho. Fotografei bastante e depois usei o drone numa boa visão por completa da piscina e de sua área ao redor. Ali há um mapa muito bom de toda a área do PARNA explicando direitinho onde fica cada atração, porém, muitas delas só podem ser visitadas com autorização especial. A água por ali é bem limpa, cristalina e refrescante. Fotografei a cachoeirinha desta piscina e o riacho que se forma após a sua queda com pedrinhas do tipo seixos. Na última vez que estive me banhando ali havia muita gente e mesmo assim um bando de macacos-pregos desceu das árvores e começou a mexer nas mochilas das pessoas. Vi algumas flores de ingás. Comecei a fazer a Trilha da Capivara logo depois e continuei sozinho. Estava ótimo para ver algum animal silvestre. Tirei algumas fotos e encontrei um cipó todo retorcido. Mais para frente encontrei um casal de mutuns atravessando a trilha. Vi um pica-pau-amarelo, um urutau ou mãe-da-lua, ninfas de cigarra, cigarras, um filhote de sabiá e muitos líquenes. Terminei de fazer a trilha, voltei para a Piscina Velha e ao voltar para a minha camioneta apareceu um queixada bem grande sozinho que ao me ver ficou todo arrepiado. Parei para fotografá-lo, mas o bicho correu e só deu para pegar a sua traseira. Vi um macaco-prego que se agitava na copa de uma árvore. Fui depois à Piscina Nova (Areal), a qual é maior, mais aberta ao sol e boa de se nadar. Por ali havia muitos cupinzeiros com buracos nas suas pontas feitos por algum animal que os caçava. Levantei o drone e a cidade (Noroeste) estava bem ali ao lado. Passei por uma ponte velha, onde encontraram resquícios da Missão Cruls que esteve procurando uma área para a construção da futura capital do Brasil no Planalto Central, o que seria mais correto. Vi uma cobra de duas cabeças e um filhote de quero-quero no gramado. Depois fui rumo à Ilha da Meditação e vi alguns cupinzeiros, quatis, tucano, pica-pau-do-campo, periquitos-de-asas-amarelas e uma flor-do-Cerrado ou caliandra. Na Ilha da Meditação havia alguns peixinhos (alevinos) na margem que dava para vê-los perfeitamente naquela água bem cristalina. Alguns quero-queros estavam ali na espreita. Por ali, um dos funcionários do PARNA me disse que sempre aparecia de tardinha uma anta. Quem sabe eu tenha sorte de encontrá-la numa hora dessas. Voltei rumo ao Centro de Visitantes com lindas pinturas de animais do Cerrado nas suas paredes e peguei a camioneta.

Às 9 horas de outro dia eu estava lá de novo na base do PARNA e depois da reunião matinal dos brigadistas o chefe deles liberou um para me acompanhar na minha camioneta. Passamos novamente pelo Centro de Visitantes e vimos novamente vários quatis por ali. Depois passamos pela TDCA e vimos um papagaio-verdadeiro e o seu bando comendo as flores de um ipê-amarelo. Tirei uma linda foto do “bicho”. Depois vimos uma cobra-corre-campo e logo chegamos às erosões de quartzos (várias formações e semi formações de cristais) próximo do lado Sudoeste do PARNA. Fomos à primeira das erosões, a qual está muito coberta de mato e é mais estreita e depois fomos à segunda, a qual é limpa e bem mais larga e alta. Caminhamos ali um pouco por cima dela e encontrei vários quartzos. Uns ainda em formação e outros parecendo cacos de vidro. Vi um cogumelo super diferente também, parecendo um esterco gigante de equino. Entrei na gigantesca erosão com suas paredes de 6 a 10 m de altura e caminhei ali por dentro dela com o brigadista me acompanhando do lado de cima ou fora delas. O cara ficou meio com medo de entrar ali e preferiu ficar do lado de fora. Encontrei pegadas recentes de onça e mais para frente encontrei algo fabuloso feito pela natureza que nunca tinha visto ainda. Trata-se de formações do tipo estalactites e cortinas que descem uma do lado da outra os paredões como se fossem cachoeiras petrificadas feitas pelas chuvas. Elas são de argila e sua cor é meio lilás ou roxa claro. Incrível e fascinante os detalhes e os desenhos naturais. Pena que elas estão prestes a desabarem a qualquer momento, mas pelo menos pude registrar estas obras-primas da natureza. Ali também há vários tipos e cores de terra e de areia. Esta erosão que eu estava dentro era a maior, pois tinha uns 700 m de extensão e eu caminhei uns 400 m. Ela chega até próximo do córrego que alimenta a represa do Exército. Ela pode ser facilmente vista do Google Maps. Usei o drone e fiz uma boa filmagem por ali. Encontramos também várias Macelas com suas flores. Lembro-me que lá no PARNA Serra do Gandarela-MG havia um pessoal que coletava essas flores de Macela para fazer travesseiros e os vendiam bem caros. Fomos depois à represa do Exército logo ali perto e encontramos algumas aves naquele momento e pegadas de onça. Filmei com o drone também e achei interessante os seus canais na parte das nascentes. Depois fomos caminhando e beirando uma de suas margens até a um brejo onde estavam alguns buritis. Vimos um monte de girinos, uma garçinha-branca, marias-faceiras, marrecas-ananaís, uma pomba-asa-branca, jaçanãs e algumas flores. Voltamos e passamos pelo outro lado da TDCA e entre as suas divisões, completando toda esta trilha. Mais tarde curti o pôr do sol e a enorme lua cheia.

Já em outro dia levei a minha bike porque caso não desse certo de conseguir algum brigadista para me acompanhar eu iria fazer a Trilha do Cristal D’Água (TCDA) nela. Cheguei lá às 9 horas depois de ajeitar tudo e de comprar água e lanche para levar e depois fui à área onde ficam os brigadistas. Nesta época há muitos incêndios neste PARNA, pois o mesmo é cercado por uma invasão oriunda da doação de lotes de um certo governo incompetente anterior e de alguns bairros do DF mesmo. O chefe dos brigadistas estava passando as últimas instruções daquele dia e depois ele me liberou para ir com um casal de brigadistas e com um voluntário num carrinho chamado UTV que é traçado e especial para trilhas. O único defeito é que ele não tem vidros e com isso é uma poeirada de lascar. Saímos dali da base do PARNA então e fomos rumo ao Oeste. Passamos por uma parte da TCDA e vimos alguns buracos de tatu-canastra e uma toca com duas aranhazinhas bravas.  Fomos numa área que os brigadistas haviam feito um manejo de foco para evitar que eventuais incêndios vindos dali das invasões da Estrutural invadissem e se espalhassem pelo PARNA adentro. Passamos num trecho com muitas canelas de ema e alguns chuveirinhos. Depois chegamos ao lado Oeste do PARNA na Mata da Barriguda e onde inicia-se a Estrada Urbano do Couto do século XVIII. Infelizmente há o lixão da Estrutural logo ali perto que se tornou uma montanha gigantesca. Deu até para fotografar os caminhões no alto desta montanha descarregando os entulhos de obra. Agora este lixão só está recebendo este tipo de entulho e não mais lixo orgânico e nem outros. Segundo as pesquisas da Unb os seus resíduos não estão poluindo os lençóis freáticos deste PARNA. Será ? Passamos ao lado de uma invasão, mais uma Rorizlândia da vida, onde alguns invasores arrebentaram a cerca do PARNA, quebraram o concreto das estacas e roubaram o ferro dentro delas para vender. Alguns desses invasores também entram PARNA para caçar e pescar na represa Santa Maria, a qual é um dos grandes abastecedouros de água potável de Brasília-DF e redondezas. Por ali também aparecem matilhas de cães que invadem o PARNA e matam os animais selvagens para comer e hoje em dia já são até considerados como selvagens. Fiquei sabendo que certa vez o PARNA estava caçando tais cães que se tornaram selvagens ou até mesmo capturando-os para solta-los em áreas distantes dali, mas que depois não foi mais possível porque certas ONGs contra o mau trato de animais se manifestaram e com isso, tiveram que acabar com esta solução que estava dando certo. O pior é que agora os animais silvestres que frequentam o PARNA continuam sofrendo com as ameaças de tais cães. Passamos depois nos Três Buracos que são três sumidouros e três ressurgências. Descemos num deles e vimos que existem até grutas ali formadas pela água nestes fenômenos fluviais. Vimos uma casa de marimbondos ou cabas que por pouco não a tocamos. Havia também uma teia de aranha bem larga com a sua proprietária ali na boca central esperando algum inseto distraído cair. Seguimos em frente, beirando a DF-001 e acompanhei este pessoal na marcação de alguns pontos da biodiversidade. Inclusive até os ajudei com o meu GPS e com a minha experiência na utilização deste aparelho porque eles estavam utilizando apenas o GPS dos celulares, o qual é mais complicado. Num desses pontos entramos na mata com o UTV e depois caminhamos e atravessamos uma das nascentes do córrego Ludovico, onde havia alguns cogumelos, xaxins gigantes e líquenes até chegarmos ao ponto 27 da biodiversidade. Nesta travessia fui pisar num toco sobre o córrego e acabei me molhando e me melando de lama até os joelhos. Passamos por uma área cheia de canelas-de-ema. Vimos outros buracos de tatu-canastra. Os buracos são tão largos que dá para uma pessoa entrar. Chegamos ao entroncamento com a estrada Corumbá-Planaltina do séc. XIX. Fomos depois em mais pontos da biodiversidade, fotografei vários tipos de flores do Cerrado, bromélias e chuveirinhos. Depois fomos à represa Santa Maria do lado esquerdo da foz do córrego Ludovico. Fiquei deslumbrado com a beleza desta represa e realizei o sonho de infância de conhece-la ao vivo. Depois nos outros dias eu iria querer conhece-la mais a fundo em suas outras áreas. Ficamos ali um pouco, fotografei e usei o drone. A represa nesta época do ano estava com uma praia de uns 3 a 4 m de largura em toda a sua margem ao redor, sendo ótimo para se caminhar. Vimos fezes de capivara e de onça. Vi um gavião-caramujeiro, uma formiga-feiticeira, que mais se parece com uma aranha, cogumelos e uma misteriosa pegada, parecendo com as mãos de uma símio ou algo assim, pois tinha três dedos e um polegar. Paramos em outro ponto da biodiversidade e neste o GPS chegou a 0 m, ou seja, preciso. Subi numa árvore mais alta e tirei várias fotos de Brasília-DF de longe. Chegamos à base do PARNA às 16h30 e percorremos 85 km no carrinho UTV.

Hoje eu tinha combinado anteriormente de pagar a diária para um dos brigadistas do PARNA e com isso, acordei às 5h30 e nos encontramos para começar a andar pelo PARNA na entrada da Caesb, próximo da Granja do Torto, às 6h30. Chegamos à barragem Santa Maria e parei a camioneta próximo do paredão onde o lago está represado. O sol estava começando a sair e começamos também a nossa caminhada na margem do lado esquerdo da barragem, estando de frente para esta. Vimos uma capivara nadando e uma tartaruga-tigre-d’água. Encontramos algumas pedrinhas de argila logo perto de um morrinho e depois dezenas de pegadas de antas, capivaras, lobinhos, jaguatiricas e até mesmo de onça, entre outros animais silvestres. Infelizmente encontramos também pegadas de seres humanos e o brigadista disse que não eram deles, pois tinha até de chinelos. Com certeza eram de invasores que iam para ali no final do dia, após o expediente dos brigadistas e da vigilância para caçar e pescar. Dizem que tem muitos tucunarés que foram jogados ali, causando um certo extermínio da fauna aquática local, pois os tucanarés são oriundos da bacia amazônica e são fortes predadores. Dizem que até jet-sky já apreenderam por ali e alguns nadadores também. Como já disse antes nesta época de seca formam-se praias de barro vermelho em toda a margem desta barragem. Do lado que estávamos dá para se caminhar uns 10 km pela margem até a foz do córrego Ludovico. Do outro lado dá para se caminhar uns 6 km até o córrego Milho Cozido, depois mais uns 2 km até o córrego Vargem Grande e depois mais uns 2 km até o outro lado do córrego Ludovico. Lembrando que para isso é preciso uma autorização especial. Depois continuamos vendo várias pegadas diferentes e muitas aves como carcarás, um marreco com um risco perpendicular no seu bico, juritis, quero-queros, garça-branca, curicacas, pomba-asa-branca e outros marrecos. Depois um helicóptero ficou sobrevoando a barragem. Deu para ver a Torre Digital dali perfeitamente. Mais para frente vimos outra capivara e na hora que fui fotografá-la ela deu um salto enorme em segundos e saiu nadando. Que pena que não deu para fotografá-la neste momento do salto. Ela mergulhou e levou quase uns 10 minutos para sair lá no meio da barragem. A bicha tem um fôlego danado. Depois vimos outras capivaras, cogumelos bem pequenos e plantas exóticas na praia e chegamos até na metade deste lado esquerdo da barragem Santa Maria. Olhei no GPS e deu mais 5 km de caminhada até ali e agora teria a volta. Fomos depois ao marco e à placa de fundação da barragem, a qual estará completando 52 anos de idade agora no mês de setembro. Depois passamos no vertedouro ou ladrão da barragem e fomos na parte de baixo do enorme paredão, onde está escrito com letras grandes o nome da CAESB e chegamos ao córrego Três Barras, o qual não deságua na barragem Santa Maria. Por ali havia alguns medidores de índices pluviométrico e uma passagem que atravessava o córrego por dentro. Aliás sua água é bem limpa, cristalina e friozinha. Muito bonito o lugar. Havia uma aranhazinha toda brava em sua teia larga sobre as folhas no chão querendo mostrar moral. Voltamos para a camioneta e fomos conhecer a Lagoa do Esgota logo ali perto. Pegamos uma estradinha mais abandonada ainda e fui chegando devargazinho para ver se encontraríamos algum animal selvagem, principalmente uns veadinhos que um dos brigadistas disse que eles costumavam ver por ali, mas não os vimos. Ali só tinha mesmo algumas garças que esperavam a lagoa se secar mais ainda a fim de pegarem as baratas d’água e outras insetos sobreviventes. De fato a lagoa estava bem seca e tinha muita planta aquática do tipo daquelas de aquários sofrendo com a seca nas suas margens. Só lá no centro que havia um pouco mais de água. Fiz uma boa filmagem ali com o drone. Primeiro o subi uns 150 m de altura e depois fiz um rasante sobre toda a lagoa. Voltamos para a barragem, a atravessamos novamente e vimos um mergulhão-caçador e um tucunaré que deu um grande salto. Passamos por uma ponte de aço sobre o canal do ladrão (por onde saí o excesso d’água) da barragem e depois subimos um morrinho de carro rumo ao Norte de onde se tem uma linda vista da barragem com Brasília-DF nos fundos. Vimos flores do Cerrado o tempo todo e cada uma mais linda do que a outra, assim como nos dias anteriores, e a que mais se destacou foi sem dúvida a flor-do-Cerrado ou caliandra com sua forte e envolvente cor vermelha. Passamos por área de recuperação e vimos alguns ipês-amarelos, alguns cupinzeiros, sementes de mimosa, musgos e líquenes. Vimos um carro ali ao lado da estradinha de terra parado e trancado e o brigadista passou um rádio para o seu chefe para confirmar quem era. Depois ele respondeu dizendo que era o carro de alguns pesquisadores da Unb que estavam fazendo um certo trabalho por ali também.

Mais para frente o brigadista disse que tinha uma cachoeira ali que era o segredo do PARNA e fomos lá conhecê-la. Descemos uma outra estradinha à direita e depois de uns 400 m deixamos a camioneta ali para caminharmos cerca de 600 m numa trilha até a cachoeira. A gente vai se aproximando e começa a ouvir o barulho da cachoeira e nem imagina que ali há algo tão especial. Entramos numa mata, onde corre o límpido córrego Três Barras, vimos lindos líquenes na cor vermelha com branca e de repente apareceu aquela maravilhosa cachoeira. Penso que esta cachoeira seja a mais alta e talvez a única desta parte velha do PARNA. Chamei-a de “Cachoeira Escondida”. Ela deve ter uns 10 m de altura, são três quedas uma do lado da outra e em dois andares, sendo que duas destas quedas são mais fortes, possui um lindo laguinho na frente e uma gruta no paredão de pedra ao lado das quedas. O único problema é a água super gelada, mas num dia muito quente se torna  refrescante. Vimos algumas pegadas na areia abaixo da gruta e líquenes na cor amarela acima de vários musgos verdes. Amarelo e verde, coisa bem brasileira! Do outro lado havia outros musgos verdes com uns brancos. Usei o drone e a filmei por cima. Valeu a pena ir ali!

Continuamos e chegamos ao lado Noroeste do PARNA deste lado antigo. Antigo porque agora a Chapada Imperial e outras áreas mais ao Norte, Nordeste e Noroeste foram incorporadas ao PARNA de Brasília também. Passamos numa torre de observação, chamada Torre do Ponto 8, a qual era no mesmo estilo daquela que conheci no PARNA Grande Sertão Veredas-MG com um elevador que funciona com o contrapeso de nosso próprio corpo e depois fomos numa casinha abandonada logo ali do lado desta torre de observação. Entramos na casinha que estava meio destruída e encontramos um filhote de coruja-branca morto da mesma espécie que eu já tinha visto no PARNA Mapinguari-AM/RO e em outros lugares do Brasil como numa gruta em Alcinópolis-MS e como numa outra gruta na Terra Indígena Ponte de Pedra em Campo Novo do Parecis-MT. Fomos depois à procura da Nascente do Ponto 7,5. Passamos um pouco da sua localização e voltamos. Encontramos um certo caminhozinho com o mato meio amassado e era ali mesmo que ela estava. Ali nasce o córrego Três Barras e sua água sai forte como um fervedourozinho debaixo de um morrinho coberto de folhas e com algumas árvores fazendo sombra. A água é pura e bem geladinha. Ficamos ali um tempo e aproveitamos para almoçar nossos sandubas. De repente percebemos que estávamos cheios de carrapatos-mucuins (filhotes do carrapato estrela) e alguns adultos estrelas em nossas roupas. Putis, começamos a retirá-los! Creio que retirei uns 20 carrapatos de mim.

Depois voltamos e passamos pelo lado Oeste, quase Noroeste do PARNA e entramos na Estrada Corumbá-Planaltina do século XIX até a margem da barragem Santa Maria novamente, porém, entre os córregos Milho Cozido e Vargem Grande, onde se localiza o Sítio Histórico da extinta fazenda Santa Maria do Torto. Esta estrada termina ali, pois com a construção da barragem ela foi alagada, sendo que a mesma reaparece na outra margem perto de onde chegamos hoje de manhã na caminhada de mais de 10 km. Há muitas marcas de pneus que inclusive deu para ver que entraram até dentro da barragem talvez para descerem algum tipo de embarcação por ali. Caminhamos rumo ao Sítio Histórico e vimos algumas aroeiras dentro da barragem em forma de quadrado e com alguns resquícios de parede de adobe (tijolo largo maciço feito de barro) que deu para vê-los perfeitamente dali da margem que se encontrava fora d’água. Entramos na mata com muitas folhas mortas no chão onde se encontra o centro do Sítio Histórico e vimos mais estacas de aroeiras ali fincadas. Dava para perceber que aquelas aroeiras haviam sido presas ou encaixadas umas nas outras sem nenhum prego ou parafuso, mas sim só na base de pinos. Encontramos uma espécie de peitoral com cabresto de aço para cavalos que puxavam carroças. Tudo bem interessante e com perspectivas de visitação em forma de museu ao ar livre. Deixamos tudo ali no mesmo lugar onde encontramos e fomos caminhando pela praia seca na margem até próximo do córrego Milho Cozido, onde vimos mais biguás e algumas bases de cupinzeiros que estavam submersas na barragem até um tempo atrás. Voltamos e fomos até a foz do córrego Vargem Grande. Deu para ver bem a Torre Digital dali. Vimos também um coró-coró, alguns biguás, uma freirinha, um bando de marrecos, um buriti isolado e alguns líquenes. Encontramos quatro ilhas próximas da foz do córrego acima e depois alguns buritis. Achei que não seria possível atravessar a foz do córrego, mas estava tão seco por ali e também havia um caminho feito pelos invasores que tinha até uma pinguela sobre o córrego, dando condições de atravessá-lo. Havia muitas pegadas de seres humanos por ali, inclusive algumas recentes e atravessamos para o outro lado do córrego Vargem Grande. Andamos cerca de uns 200 m após a pinguela e vimos alguns resquícios de presença humana, como linhas de pescar, anzóis e carretéis e um pouco de lixo. Voltamos e assim que chegamos a minha camioneta foi chegando a camioneta da vigilância com três fiscais. Conversamos um pouco e voltamos rumo ao paredão da barragem. Depois seguirmos de rumo à saída próxima da Granja do Torto. Vimos algumas árvores que estavam mudando as suas folhas, as quais estavam com cores variadas nos tons avermelhados e alaranjados e encontramos alguns ipês amarelos com poucas flores. Quando estávamos perto da saída encontramos uma anta bem escura e adolescente atravessando a estradinha na penumbra do entardecer. Peguei a máquina para fotografá-la, mas ela rapidamente entrou na mata fechada. Paramos na Lagoa do Torto, a qual possui uma pequena parte dentro do PARNA, principalmente as suas nascentes e ainda deu tempo de fotografar um coró-coró que se encontrava por ali.

Hoje acordei às 6h20 e cheguei ao PARNA de Brasília às 7h20. Contratei o mesmo brigadista novamente, entramos pela entrada principal e fomos rumo à TCDA. Passamos pelas erosões de quartzos e depois viramos à direita numa estradinha pouco utilizada que vai até a barragem Santa Maria, cortando o PARNA no meio. O brigadista não conhecia este trecho direito, mas eu havia tirado as coordenadas no Google Maps para não nos perdermos neste caminho. Atravessamos uma das nascentes mais distantes do ribeirão Bananal por dentro de uma mata bem bonita e úmida e com uma água pura e cristalina correndo sobre um fundo arenoso branco. Depois vimos vários buracos de tatu-canastra. Tinha um bem no meio da estrada e qualquer vacilo o pneu da camioneta poderia cair dentro de um deles e talvez até quebrar alguma peça. Um deles havia sido recentemente cavado, pois dava para ver as marcas das unhas do bicho e de sua calda. Pena que ainda não consegui ver este bicho nas minhas andanças por aí. Quem sabe um dia! Passamos por um trecho cheio de canelas-de-emas e vimos mais buracos de tatu-canastra até que chegamos à barragem Santa Maria do lado esquerdo, ou seja, do mesmo lado por onde havíamos feito aquela caminhada de 10 km ida e volta e na foz do córrego Ludovico, porém, do outro lado. Parei a camioneta ali e começamos a caminhar pela praia na margem, onde também havia muitas pegadas de animais selvagens. Vimos algumas capivaras atravessando a barragem e resolvi filmá-las no drone. Havia muito vento e não pude subi-lo muito alto. As capivaras acabaram mergulhando e desapareceram nem saindo na margem do outro lado. Resolvi então aproveitar o drone e ir filmando dali até a foz do córrego Ludovico e um pouco de seu pântano. Não sei o que houve, mas o drone começou a dar sinal de que havia perdido o contato com os satélites e começou a cair. Putis, pensei rápido e fiz de tudo para que ele não caísse na água, jogando-o mais para a esquerda! Deu certo e ele caiu no pântano do outro lado do córrego. Procurei as coordenadas de onde ele havia caído e as coloquei no GPS portátil. Fomos então lá a procura dele. No trecho onde ficava apenas uns 50 m de distância do drone o córrego Ludovico estava mais largo, fundo e com o seu leito com uma certa lama preta que atolava à toa. O pior é que havia uma pinguela, certamente feita pelos invasores que havia sido derrubada dentro do córrego e agora precisávamos encontrar uma outra passagem. Percorri mais de 300 m sozinho subindo o córrego a procura de uma passagem onde ele poderia estar mais estreito, mas não encontrei nada e a lama continuava sem trégua. De repente o brigadista gritou que havia encontrado uma árvore caída de uma margem para a outra. Era ali mesmo que deveríamos atravessar. A árvore tinha mais ou menos uns 7 m de comprimento. Cortamos uma vara comprida e fomos um de cada vez atravessando por cima dela apoiando a vara no fundo lamacento do córrego. Qualquer escorregão ou desatenção ali era tombo na certa e muita lama. Caramba, foi até emocionante! Conseguimos atravessar o córrego e fomos em busca do drone. O encontrei logo ali de cabeça para baixo encostado na lama seca do pântano e sem nenhum estrago. Putis, que sorte de escapá-lo da água que se encontrava logo ali a uns 10 m de distância. Voltamos todo o percurso e atravessamos a ponte natural novamente. Cheguei a escorregar no início porque a vara prendeu na lama do fundo do córrego e quase cai todo dentro dele. Consegui me reerguer meio sujo e meio molhado em uma das pernas e atravessei a árvore caída. Caramba, que sufoco! Voltamos para a camioneta, lanchamos e seguimos pela outra parte da Estrada Corumbá-Planaltina do século XIX. Depois passamos ao lado dos imensos buracos que os tratores fizeram há mais de 50 anos atrás para construírem a barragem de Santa Maria que ainda permanecem do mesmo jeito, ou seja, não houve nenhum plano de recuperação e plantio de capim e de árvores e depois chegamos novamente ao vertedouro ou ladrão da barragem, o qual estava totalmente seco. Atravessamos novamente a ponte de aço sobre o canal do ladrão e passamos pela mesma estradinha que havíamos passado anteriormente em outro dia.

Voltamos e continuamos rumo ao extremo Norte do PARNA nesta parte velha e encontramos o cadáver de um ouriço-cacheiro e flores de cerejeira-do-Cerrado. Mais para frente havia um pequeno bando de urubus que não conseguia voar direito e com isso alguns deles foram correndo na frente da camioneta. Parece que eram urubus adolescentes que ainda não tinham aprendido a voar. Vimos algumas carcaças de gado ali do lado de fora e o brigadista me disse que sempre andavam jogando os restos de gado por ali. Entramos na Estrada Real da Bahia, a qual beira quase toda a cerca limítrofe Leste do PARNA. Vimos uma linda flor-do-Cerrado que se destacou bem e alguns chuveirinhos por ali também. Paramos no Mirante União, o qual é uma torrezinha de madeira com aço, de onde se tem uma bela vista da barragem Santa Maria e de uma grande parte do PARNA. Havia dois moleques dentro do PARNA e quando viram a camioneta saíram correndo voltando para a rodovia DF-001. Aliás, existem várias entradas clandestinas com arames cortadas e até portões quebrados desta rodovia à cerca de arame do PARNA e do lado Oeste também na área daquela invasão da Estrutural. Ou seja, o PARNA está constantemente sendo invadido por pedestres, ciclistas e até mesmo por carros que não respeitam as cercas. Fomos rumo ao extremo Leste do PARNA e tivemos que sair de dentro do PARNA para pegar a DF-001 e depois voltar para o mesmo. Reentramos no PARNA e por ali há um outro mirante natural do outro lado do Colorado, o qual possui uma vista mais linda ainda do que o Mirante União e creio que seja o único lugar que dá para se ver de um lado a barragem de Santa Maria e do outro lado o Lago Paranoá. Encontramos um marco e uma placa da Estrada Real Sta. Luzia-Contagem e havia várias marcas de pneus de bikes por ali, pois esta estrada desce uma serra até os sítios lá em baixo nas redondezas da Granja do Torto. O nome Contagem é porque era por ali que os antigos tropeiros passavam rumo ao litoral e contavam os seus animais. Passamos numa casinha abandonada onde há uma antiga antena e depois numa área de restauração ambiental por meio de plantio de mudas. O brigadista não sabia exatamente onde era o início da Estrada Real Sta. Luzia-Contagem por causa dos diversos acessos, mas eu havia pego as coordenadas no Google Maps e com isso o encontrei. Descemos a estradinha na camioneta traçada para dar mais segurança, bem devagar e filmando tudo. No meio da estrada há uma trilha ou caminho deixado pelas bikes. Na maior parte do trajeto a estrada ficou meio íngreme e até mesmo com alguns abismos nas laterais de vez em quando. Depois teve um trechinho de subida e voltou a descer numa parte bem ruim de se passar devido às pedras e às erosões. Vimos outro pica-pau-do-campo e um periquito-rei ou jandaia-coquinho. Por fim chegamos à parte plana e à saída do PARNA. Quando o sol estava quase se pondo deu tempo de fotografar um lindo ocaso com uma gigantesca nuvem de fumaça de incêndio bem aos fundos, talvez até na área da Chapada Imperial. Percorremos 100 km hoje dentro do PARNA. No final tirei uns 18 carrapatos de mim.

O PARNA Brasília possui uma boa área de proteção que deve ser conservada e protegida como tal e as piscinas são bem limpas e possuem uma boa vigilância.

 

PARTE NOVA (CHAPADA IMPERIAL):

Quando estávamos passando pela Parte Nova do PARNA Brasília no seu lado Oeste, vimos um buraco grande de tatu-canastra. Chegamos à Chapada Imperial, fizemos tirolesa e arborismo e depois escolhemos realizar a Trilha Longa. Fomos num carro antigo tipo jardineira, sendo que consegui duas vagas ao lado do motorista. No caminho de uns 3,3 km a gente curte um bom visual da região Norte do DF, pouco conhecida, selvagem e com muitos morros. Começamos pelo lado mais distante, ou seja, pelo salto da Rainha, que chamam erroneamente de cachoeira. Lembrando que as Cachoeiras batem em alguma pedra na queda e os Saltos em nada. Já as Cascatas são cachoeiras pequenas e as Cataratas são o conjunto de tudo. Todas são Quedas D’Águas. Já as Corredeiras só deslizam sobre as pedras. Paramos ali um pouco e tomamos o primeiro banho naquelas águas geladas do córrego Dois Irmãos com suas dezenas de quedas d’águas. Depois seguimos com a turma e paramos na cachoeira Imperial, onde também tomamos outro banho. Vimos duas árvores estreitas juntas, sendo que numa delas havia um cipó reto e na outra um cipó entrelaçando e depois subimos uma escadinha de pedra até chegarmos às cachoeiras das Gêmeas e da Garganta. Na da Garganta há um poço grande com uma corda para se saltar sobre ele. Depois passamos pelo canyon da Garganta e da Fenda e pela cachoeira desta última. Depois veio em sequência as quedas d’água da Concha de Pedra, do Sol e por fim a cachoeira Zigue-Zague. Todas com poços, porém, o melhor destas três é o da Zigue-Zague. Mais para a frente fomos à cachoeira do Buriti, onde demoramos e nos banhamos no seu lindo poço. Na frente dela há um buriti de 150 anos de idade. Por fim, passamos depois nas cachoeiras das Três Marias, dos Namorados e do Quati que desliza totalmente num lajedo como se fosse uma corredeira, assim como a do Sol anterior. Ainda vimos alguns frutos do Cerrado, como o apuraí que eu não conhecia, chuveirinhos, macelas, samambaias-anãs, flores e uma linda flor-do-Cerrado ou caliandra, além de lindas vistas de outros morros. Também vimos um lagarto-preguiça, alguns quartzos, vários líquenes e quaresmeiras com os buritizais nos fundos. Voltamos à sede da Chapada Imperial para almoçarmos uma deliciosa comida da roça. Uma arara-canindé estava ali na sede querendo se exibir. Ali na Chapada Imperial há uma reintegração de algumas espécies de animais à natureza, ou seja, aqueles que foram encontrados feridos e cuidados pelo ser humano posteriormente. Um bonito trabalho, assim como o NEX Felinos próximo de Aparecida de Loiola-GO. A Chapada Imperial é um bom exemplo de harmonia entre pousada/restaurante e a natureza com a presença sempre de um guia. Depois de descansados fomos embora quase no entardecer e passamos na Chapada do Rodeador ou Roncador, onde há uma antena no ponto culminante do DF. O GPS marcou 1.346 m de altitude e curtimos um lindo pôr-do-sol.

 

PARTE NOVA (POÇO AZUL):

Vimos um lobo-Guará recém atropelado na DF-001. É uma pena um animal tão extraordinário desses e ainda por cima em extinção ser atropelado por algum imbecil descuidado ou até mesmo por querer. Chegamos à entrada do caminho ao Poço Azul no centro da Parte Nova do PARNA Brasília. Vimos um tamanduá-bandeira adolescente que se assustou com a minha camioneta e atravessou a estrada. Ao chegarmos no portão do Poço Azul eu e um amigo descemos nossas bikes e começamos a explorara a área. Saímos tarde, mas mesmo assim eu estava disposto a conhecer todas as atrações que pudesse por ali. No caminho da cachoeira das Corredeiras vimos várias flores do Cerrado, o qual é um bioma muito especial e o único a encontrar todos os outros biomas brasileiros, exceto os Pampas. Grandes erosões também apareceram no caminho. Passamos por uma pontezinha de madeira e depois chegamos à cachoeira, onde há algumas ruínas de uma antiga casa de pedra. Havia alguns líquenes e cristais por ali. Depois retornamos e passamos pelos campos altos.

Pedalamos mais um pouco e fomos na cachoeira da Mãe com seu bonito paredão. Ali já era outro córrego, o qual se encontra de 600 m a 1,5 km de distância de suas nascentes. Vi alguns líquenes brancos. Tomei outro banho refrescante por ali e seguimos rumo a outras cachoeiras. Passamos por uma pinguela de mão e contra-mão e achei bem interessante.

Depois veio a cachoeira da Árvore, a qual pode ser vista no alto de um paredão por ali, depois uma outra cachoeira que não tinha nome e que a chamei de cachoeira dos Degraus e depois a cachoeira da Paz.

Voltamos e prosseguimos rumo à cachoeira Poço Azul. A estrada ali também estava cheia de erosões. O pior foi que um dos funcionários dali daquela propriedade nos disse que o ICMBio não o deixava arrumar aquelas erosões e com isso, a cada ano elas iam ficando maiores. Amarramos as bikes ali numa placa que indicava as atrações e passamos por algumas ruínas de uma antiga casa de pedra e por uma íngreme escadaria. O Poço Azul fica num canyon e ali encontramos várias atrações num mesmo lugar, ou seja, há uma cachoeira, uma gruta e um lindo poço para se banhar que na verdade tem a sua água no tom esverdeado transparente. Fiquei com vontade de entrar ali naquela gruta, mas era preciso nadar por todo o poço e o cheiro de guano (fezes de morcego) era muito forte. Quem sabe numa outra oportunidade! Subimos um pouco aquele ribeirão da Palma e depois voltamos ao Poço Azul. Dali seguimos adiante e passamos na cachoeira do Diabo 1 e 2. Passamos por um trecho que deu para ver várias pedras nos paredões do canyon com formatos diferentes. Vimos uma sucupira cheia de flores azuis e chegamos à cachoeira da Filha. Passamos por algumas rachaduras estranhas numa pedra de um lajedo e entramos à esquerda rumo à cachoeira Véu de Noiva com suas duas quedas laterais que se encontram perto do final. Voltamos e fomos à cachoeira Suicídio. Vi uma formiga com duas pintas amarelas nas suas costas que pareciam olhos. A natureza é sábia também no quesito disfarce. No morro ao lado vi uma grande área com flores daqueles carrapichos vermelhos. Vi algumas flores azuis por ali também. Deu para ver bem do outro lado do córrego que alguém já havia tentado descer o paredão por uma trilha suicida e que certamente havia se dado mal. Tomei outro banho ali e deu para perceber bem que do lado direito, estando de frente à cachoeira, havia um outro córrego que estava seco naquela época. Continuamos descendo o ribeirão da Palma. Chegamos a um trecho com enormes paredões do lado direito e próximo da foz de um outro ribeirão. Batizei o local de Paredão do Leozão. Voltamos à cachoeira Suicídio novamente e viramos à esquerda num outro córrego. Por ali é cheio de encontros fluviais. Conhecemos a cachoeira da Vida com seu lindo laguinho e havia algumas borboletas de cores laranja e preto ali reunidas. Seguimos em frente por dentro daquele córrego e os paredões foram se afunilando. Conhecemos mais uma cachoeira por ali sem nome e a batizei de Duas Irmãs. Voltamos à cachoeira da Vida, subimos o paredão numa trilha meio confusa e chegamos ao Poço da Massagem com sua pequena cachoeirinha. Caminhamos mais um pouco e encontramos uma corredeira do tipo “escorregador” e a batizei de Escorregador do Leozão. Logo em seguida chegamos à cachoeira Paulo Araújo e tomei outro banho. Começamos a retornar por um outro caminho mais largo e deu para perceber que era uma antiga estrada por onde o gado passava para ir beber água. Havia várias pegadas de reses e algumas de cavalos e de cachorros. Muitos rastros de bikes também. No alto desta serra chegamos a um entroncamento onde a esquerda se vai para uma fazenda numa estradinha que os ciclistas vêm da rodovia a uns 2,5 k dali e à direita se vai ao Poço Azul. Pegamos este último caminho e descemos um trecho bem acidentado e escorregadio de pedras soltas até o Poço Azul. Depois chegamos às bikes e voltamos rumo à cachoeira Véu de Noiva para encontrarmos a passagem correta rumo à cachoeira Paraíso. Deu certo, porém, foi bem difícil encontrar a trilha mais acessível. Subimos um morrinho de lascar e depois chegamos a tão difícil cachoeira Paraíso. Ela é meio na diagonal e o seu laguinho à frente é fabuloso e bem convidativo a um mergulho. E foi o que eu fiz. Mergulhei naquela água cristalina e gelada. Depois vimos raras flores AZUIS. Isso mesmo azuis e voltamos todo o trajeto até às bikes e depois até à camioneta.

Todas as cachoeiras e corredeiras por ali estavam com uma cor esverdeada transparente.

Creio que ainda há várias cachoeiras por ali que ainda não foram descobertas depois do Paredão do Leozão.

Ao sairmos dali à noite ainda vimos uma cascavel que cruzava a estrada.

 

PARTE NOVA (SÍTIOS E FAZENDAS NO RIBEIRÃO DA PALMA NA PARTE NORTE):           

Em outra ocasião pegamos a DF-170 e entramos à esquerda rumo a alguns sítios onde o ribeirão da Palma passa após a área do Poço Azul. Chegamos à fazenda Sta. Rita, a qual já se encontra abandonada e talvez em processo de desapropriação. A estrutura por ali é muito boa e talvez servirá futuramente de base de apoio para o ICMBio. Caminhamos até o ribeirão da Palma e o mesmo é bem bonito por ali com sua água transparente. Havia uma pele de cobra boiando ali no ribeirão. Vimos um grande cupinzeiro, alguns cogumelos e sucupiras com suas flores azuis. Seguimos adiante e passamos por algumas pontezinhas de madeira. Passamos ao lado da fazenda Coqueiro da Palma e continuamos ao lado do ribeirão da Palma na sua margem direita. Chegamos à fazenda do Vô Chico, onde havia algumas bananeiras e mangueiras. Conversamos com o proprietário que nos recebeu bem e tomamos um cafezinho. O ribeirão da Palma estava bem protegido por ali e talvez aquele lugar se tornasse uma futura pousada ou hotel fazenda com uma boa estrutura. Vimos algumas seriemas. Prosseguimos e chegamos a outra fazenda, ou seja, a última ali daquela região. Ali havia lindos pés de jatobá e o ribeirão da Palma tinha uma correnteza mais forte.

Voltamos todo o trecho e continuamos na DF-170. Passamos a divisa de estados DF/GO e entramos à esquerda onde há alguns morrinhos altos e já em GO. Paramos numa porteira e fomos caminhando. Vimos algumas sucupiras, uma árvore com suas folhas novas na cor vermelha e aquela frutinha, chamada apuraí. Havia algumas pegadas de seriemas também. Retornamos à DF-170 e chagamos à ponte sobre o ribeirão da Palma que ali já era chamado de rio Palma. Entramos numa fazenda e pedi permissão para conhecermos o rio Palma por ali. O caseiro deixou e fomos lá passando numa parte que foi preciso traçar a camioneta. Chegamos ao extremo Norte do PARNA Brasília e já no estado de GO. As águas ali são mais fortes e havia algumas prainhas. Uma gameleira estava abraçando uma árvore e com o tempo talvez esta árvore não sobrevivesse mais. O rio Palma ali possui algumas pedras bonitas que brilhavam dentro de sua água. Agradeci a visita por ali ao caseiro daquela fazenda e fomos rumo ao Leste pela DF-206 apesar de estávamos no estado do GO. Passamos pela Mineração rio do Sal e chegamos ao Eco Parque Imperial dentro do PARNA Brasília. Estava tudo muito seco por ali, mas ainda deu para ver um córrego com um pouco d’água. Vimos um coró-coró, alguns quero-queros e uma marreca-ananaís numa lagoa ali por perto. Fomos embora e saímos em Brazlândia-DF.

 

SUGESTÕES:

Criar mais trilhas fora do lado costumeiro das piscinas, porém, sempre com a presença de algum guia bem instruído.

Seria muito importante construir uma guarita ou um abrigo ali na parte mais alta da barragem Santa Maria com uns dois guardas armados e com rádio, 24 horas por dia para inibir a entrada de intrusos que vão ali caçar e pescar.

Seria interessante permitir a visitação controlada em outras áreas do PARNA, como nas Estradas Reais e nas áreas históricas. O visitante poderia deixar o seu veículo em estacionamentos estratégicos na beira da DF-001 e ir sempre acompanhado de um guia caminhando por estas estradas, onde teria paradas de tanto em tantos kms.

Poderia também o visitante conhecer a barragem Santa Maria, sendo levado por um carro especial do ICMBio e somente pelo mesmo caminho para poder navegar sobre ela somente de caiaque, evitando com isso a poluição e não afugentando os animais selvagens. Sempre, lógico, acompanhado também de um guia. Desta forma se daria mais oportunidades de trabalho com a formação de guias.

Deveriam construir uma forte cerca telada ou muro ao redor de todo o PARNA para se evitar a invasão de cães que se tornam selvagens e de caçadores e pescadores intrusos.

Deveriam construir passagens subterrâneas em todo o trecho da DF-001 a fim de que os animais selvagens possam atravessar da parte nova incorporada recentemente ao PARNA para a parte maior e mais antiga. Câmeras deveriam ser instaladas nestas passagens para se vistoriar se realmente estariam passando somente animais selvagens, e qualquer outro ser vivo diferente do esperado seria procurado e expulso imediatamente.

 

OBSERVAÇÃO:

As informações aqui contidas são meras experiências passadas por mim neste PARNA e em suas redondezas. Portanto, não me responsabilizo pelos riscos e problemas que possam acontecer e nem em garantir que tudo dará certo para propensos visitantes a este PARNA e as suas redondezas. Cabe a cada propenso visitante se responsabilizar pelas suas decisões e atitudes, procurando sempre um comportamento lícito e compatível com o local, com a fauna, com a flora e com as pessoas ali residentes e nativas. Além de que deverá seguir as regras do ICMBio, as regras de segurança e o uso adequado de seus equipamentos durante toda a visitação deste PARNA e de suas redondezas.