PONTOS EXTREMOS DAS REGIÕES BRASILEIRAS

 

REGIÃO NORTE

PONTO EXTREMO ORIENTAL DA REGIÃO NORTE (PEORRN) * LESTE *

 

Dia 03/10/2013

 

Continuando a viagem vindo do Ponto Extremo Ocidental da Região Nordeste no MA e próximo da cidade de São João do Araguaia-PA, eu  e o meu amigo passamos por Luzinópolis-TO, Tocantinópolis-TO, Estreito-MA, Carolina-MA, Balsas-MA, Tasso Fragoso-MA, Alto Parnaíba-MA, Lizarda-TO e São Félix do TO-TO para finalmente chegarmos a Mateiros-TO para conhecermos o PEORRN.

Apesar de não concordar que o TO pertença à região Norte, mas sim à região Centro-Oeste por causa da cultura do seu povo, do clima, da vegetação e do solo, infelizmente eu tinha que aceitar esta classificação. Segundo um amigo meu que mora em Palmas-TO, na época da criação do TO, a SUCAN ofereceu mais oportunidades do que a SUDECO.

Acordei às 6 horas, arrumamos tudo e seguimos adiante na direção da divisa do TO com a BA. A estrada por ali estava uma droga por causa das costelas-de-vacas. Passamos pela Pedra da Baliza e só depois de uns 30 km de Mateiros-TO que as estradas foram melhorar, ou seja, quando viramos para o lado das grandes plantações. Era uma verdadeira destruição do Cerrado por estas bandas, parecendo-se com a região de Luís Eduardo de Magalhães-BA e com Correntina-BA. Aquele velho ditado que criei ainda estava de pé, ou seja, “O Brasil está errado, pois só fala em proteger a Amazônia e se esquece do Cerrado” (LCOM).

Fizemos o maior ziguezague entre as fazendas e as plantações para permanecermos no sentido dos Pontos Extremos. Vimos áreas recentemente aradas, emas e depois de 120 km chegamos ao PEORRN. Percebi que haviam retirado um marco pequeno de cimento do seu lugar original por causa da agricultura ali implantada, colocando-o a uns 480 m mais afastado. Fomos onde seria o PEORRN segundo o IBGE e instalei um marco ali. Depois instalei outro marco ali perto daquele antigo marco pequeno de cimento que estava combinando com as marcações do Google Earth e de repente começaram a aparecer moscas de todos os lados. Não eram 10, 50 ou 100 moscas, mas sim centenas delas. Impressionante! Não sei que fenômeno era este, mas elas estavam grudando em nós enquanto instalávamos o nosso marco. Parece que era um castigo de Deus por estarem destruindo o Cerrado.

Depois ainda vimos um espetacular lobo-guará, um lindo veado-mateiro e um lobinho que ficaram competindo com a caminhoneta, e por fim um gato-mourisco que passou na nossa frente a cerca de uns 12 km de Mateiros-TO.

PONTO EXTREMO ORIENTAL DA REGIÃO NORTE (PEORN) * LESTE *

PONTO EXTREMO SETENTRIONAL DA REGIÃO NORTE (PESRN) E DO BRASIL * NORTE *

 

Dia 25/04/2014

 

Após sairmos de Brasília-DF e passarmos por Abadiânia-GO, Goiânia-GO, Iporá-GO, Barra do Garças-MT, Primavera do Leste-MT, Cuiabá-MT, Campo Novo do Parecis-MT, Comodoro-MT, Vilhena-RO, Pimenta Bueno-RO, Porto Velho-RO, Humaitá-AM, pela BR-319, vila Realidade-AM, Castanho-AM, Careiro da Várzea-AM, pela balsa do rio Amazonas, Manaus-AM, Presidente Figueiredo-AM, Rorainópolis-RR, Caracaraí-RR, Boa Vista-RR, por várias vilas e povoados e Uiramutã-RR, finalmente eu e um amigo chegamos à comunidade Água Fria-RR.

Contratei sete indígenas ingarikós para nos acompanharem até o Monte Caburaí, onde eu seria novamente o líder, organizador e orientador desta caminhada/expedição como fui em 2013, quando eu e o meu grupo nos tornamos os primeiros homens a chegarem ao PESRN e do Brasil totalmente pelo território brasileiro.

Fui na minha bicicleta e o meu amigo na dele e passamos do lado do majestoso Monte Roraima, por várias aldeias indígenas e por fim chegamos à aldeia Manalai-RR. Dali para frente fomos todos a pé e depois passamos por uma linda área de Lavrado, pelo marco B/BG 10, por um pântano menor, pelo marco B/BG 11 e por vários obstáculos até que chegamos ao segundo e mais perigoso pântano. A passagem por ali foi bastante difícil, pois havia muita água, muitos mosquitos e muitas plantas carnívoras e outras endêmicas de folhas serrilhadas que grudavam e rasgavam nossas roupas, quando vacilávamos. Em certas partes a água suja oriunda de nossas diversas pisadas chegava até aos nossos joelhos. Para a nossa sorte, ainda bem que não apareceu nenhuma cobra venenosa. Logo depois, entramos numa floresta ainda mais estranha e diferente, com muito mais musgos e líquenes e com árvores mais altas e um pouco mais robustas, além de suas bromélias gigantes que poderiam estar escondendo cobras na sua parte interna.

Chegamos depois ao marco B/BG 11A de 1933, recém-redescoberto por mim e pelo meu grupo em 2013 e que estava desaparecido há 80 anos. Fiquei pensando sobre como estava bem mais fácil chegar até ali agora do que quando fiz a primeira expedição no ano passado, quando eu fui com meu GPS guiando e procurando um caminho o mais reto possível para o marco B/BG 11A de 2007, passando por obstáculos ainda inatingíveis, enfrentando a desconfiança dos parceiros em relação a minha competência e mandando os mateiros e os índios ingarikós irem para a frente, para a direita ou para a esquerda, conforme o que eu via e entendia no meu GPS. A experiência que eu havia adquirido quando fui ao Ponto Extremo Ocidental da Região Norte e do Brasil foi fundamental para que eu obtivesse sucesso por ali em 2013. Todo o peso daquela expedição estava sobre mim, pois eu havia garantido a todos que encontraríamos o difícil marco B/BG 11A de 2007 e, ainda por cima, foi encontrado também o marco B/BG 11A de 1933. Foi demais a satisfação! Fiquei contente por aquela trilha aberta por mim e pelos meus ajudantes ainda estar visível e acessível. Certamente ela servirá no futuro para que os índios ingarikós levem turistas e outras pessoas.

Depois finalmente chegamos ao marco B/BG 11A de 2007. Constatei que em todo o caminho desde Brasília-DF percorremos mais de 4.600 km de carro, mais de 60 km de bicicleta e uma caminhada difícil a pé pela floresta. Eu já havia conhecido aquela região em 2011 e depois em 2013 quando consegui chegar ao PESRN e do Brasil, porém, naquela época eu não tinha feito todo o percurso sem ser de avião.

Até aquele momento, eu era o único homem a conhecer os quatro extremos do Brasil, mas também queria ser o primeiro a conhecer os quatro PONTOS extremos e o primeiro a atravessar todo o Brasil, do Ponto Extremo Setentrional ao Ponto Extremo Meridional 100% à força humana. Eu queria realizar essas façanhas antes que algum gringo as fizesse, ou seja, seria pela honra dos brasileiros. E o pior era que eu estava competindo com dois gringos patrocinados por dois canais de TV a cabo super famosos do mundo, com todo apoio e equipe, e os mesmos já se encontravam a quase 2.000 km na minha frente. Ainda por cima, eu não havia recebido nenhum apoio financeiro, mas pelo menos o apoio psicológico não me faltaria durante essa Travessia/Expedição, oriundo das próprias pessoas que fui conhecendo.

Fomos rumo ao PESRN segundo o IBGE a uns 500 m do marco B/BG 11A de 2007 e lá no local instalei um marco simbólico na floresta de musgos e na volta paramos onde havia uma cruz de metal, velha e enferrujada bem na fronteira entre o Brasil e a Guiana.

Voltamos para o marco B/BG 11A de 2007 e dali seguimos rumo ao PESRN segundo o Google Earth e segundo o Mogeo, onde instalei outro marco. Decidi ir nesses outros pontos também para que depois ninguém viesse falar por aí que eu não havia saído do PESRN e do Brasil de acordo com os mapas de internet, institutos e programas de GPS.

Já no outro dia acordei às 6 horas, debaixo de uma chuva lascada, e todos nós havíamos dormido meio molhados e úmidos. Eu dormi na minha barraca, o meu amigo na dele e os sete índios ingarikós em suas redes, embaixo da lona que havíamos levado.

Olhei para o marco B/BG 11A de 2007 pela última vez e me despedi daquele local com boas lembranças de conquistas.

Agora sim a Travessia/Expedição iria se iniciar para valer. A chuva caiu sobre nós até as 12 horas, e eu já estava chateado de tanta água, mas era preciso ter paciência e equilíbrio. Eu só torcia para que aquelas chuvas no começo da Travessia/Expedição significassem um bom sinal.

PONTO EXTREMO SETENTRIONAL DA REGIÃO NORTE (PESRN) * NORTE *

PONTO EXTREMO MERIDIONAL DA REGIÃO NORTE (PEMRN) * SUL *

 

Dia 18/06/2016

 

Saí de Brasília-DF com um amigo para realizar a Travessia/Expedição Oeste-Leste e na ida passamos por Anápolis-GO, Nerópolis-GO, Nova Veneza-GO, Inhumas-GO, Itauçú-GO, Itaberaí-GO, Sanclerlândia-GO, Novo Brasil-GO, Jussara-GO, Aragarças-GO, Barra do Garças-MT, General Carneiro-MT, Primavera do Leste-MT, Chapada dos Guimarães-MT, Passagem da Conceição-MT, Acorizal-MT, Rosário do Oeste-MT, Dimantino-MT, Arenápolis-MT, Nova Marilândia-MT, Tangará da Serra-MT, Campo Novo do Parecis-MT, Comodoro-MT, Vilhena-RO, Colorado do Oeste-RO e por fim Cabixi-RO para conhecermos o PEMRN.

Pegamos uma estrada de terra depois de Cabixi-RO por uns 14 km e entramos à esquerda numa outra estrada de terra, a qual percorremos uns 25 km por entre algumas áreas com a terra arada até na margem do rio Guaporé, onde havia várias pousadas do tipo palafitas e barcos para pescadores. Combinei tudo ali com um piloteiro e percorremos uns 9 km subindo o rio Guaporé até a boca do rio Cabixi. Do lado da Bolívia havia lindas montanhas. Fomos à boca do rio Cabixi e na volta passamos por uma ilha, onde havia muitas pegadas de trinta-réis. Depois voltamos pelo rio Guaporé e passamos na margem direita deste rio em relação a sua descida. Eu queria fincar um marco ali porque os outros Pontos Extremos estavam do outro lado do rio e achei que ali também poderia ser um PEMRN. No local havia uma mistura danada de vegetação e algumas tabocas.

Por fim fomos mais uns 300 m rumo a outra margem do lado esquerdo, paramos a voadeira onde havia alguns tracajás e caminhamos uns 70 m mata adentro para instalar dois marcos, um de acordo com o IBGE e por mais uns 10 m ao sul um outro de acordo com o Google Earth. Entrei na mata de colete mesmo, pois a distância era pouca. No começo eu achei que estes Pontos Extremos estavam na Bolívia, mas depois ao observar bem no Google Earth percebi que o território brasileiro atravessava o rio Guaporé na outra margem.

Depois vimos mais tracajás, uma capivara, algumas ariranhas e voltamos descendo o rio Guaporé com a presença daquela linda montanha à esquerda do lado boliviano. Chegamos onde estavam as pousadas do tipo palafitas, almoçamos por ali um delicioso peixe assado e depois prosseguimos a viagem.

PONTO EXTREMO MERIDIONAL DA REGIÃO NORTE (PEMRN) * SUL *

PONTO EXTREMO OCIDENTAL DA REGIÃO NORTE (PEOCRN) E DO BRASIL * OESTE *

 

Dia 02/07/2016

 

Continuando a viagem depois de termos passado pelo Ponto Extremo Meridional da Região Norte, por Porto Velho-RO, Abunã-RO, Rio Branco-AC, Sena Madureira-AC, Feijó-AC, Tarauacá-AC, Cruzeiro do Sul-AC, Mâncio Lima-AC e pelo 61º BIS na beira do rio Môa chegamos à comunidade Pé de Serra, onde conheci algumas atrações do PARNA Serra do Divisor ali por perto. Finalmente depois chegamos ao marco simbólico 76, em mais outros pontos extremos que eu iria instalar outros marcos e depois no PEOCRN e do Brasil, o qual o  chamei de Astronômico e onde eu instalaria outro marco também.

Foram quase 4.000 km até Mâncio Lima-AC, uns 250 km de navegação pelo rio Môa, passando por corredeiras e entrando em alguns igarapés e mais uma caminhada árdua pela floresta densa e fechada até os marcos 76, Astronômico e outros.

Pegamos somente uns 100 m de taboca (espécie de bambu com vários espinhos) e ninguém se machucou seriamente. Passamos por várias grotas ou buracos das nascentes dos igarapés, onde tínhamos que aproveitar algum tronco de árvore caído para usá-lo como pinguela ou até mesmo improvisar fazendo uma nova pinguela. Por ali tudo arranhava, espetava, furava ou machucava. O Marco 76 consistia em três hastes de ferro fundido, entrelaçadas por outros ferros circulares, sendo um no meio e outro na parte de cima, com uma plaquinha no alto escrito de um lado “Brasil” e do outro lado “Peru”, e ainda com uma base de cimento redonda com suas coordenadas, sua data de instalação e outros detalhes gravados. Sua data de instalação estava escrita da seguinte forma “26-IX-926”. Engraçado que naquela época não colocavam o “1” do milênio para ficar 1926. Havia uma centopeia gigante em sua base como se fosse a guardiã do local. Eu já tinha conhecido aquela região em 2010 e o marco simbólico 76 em 2012.

Eu e mais dois mateiros/carregadores dos sete que contratei lá na comunidade Pé de Serra fomos em direção aos outros possíveis Pontos Extremos Ocidentais, ou seja, o do Google Earth, do IBGE e do Astronômico, sendo que este último era realmente o PEOCRN e do Brasil. O chamei assim porque soube que na época que andaram demarcando por ali não havia satélites o suficiente para a marcação. Ou seja, além do 76, que era o PEOCRN simbólico, eu ainda passaria em mais outros pontos, assim como havia feito no Ponto Extremo Norte da Região Norte e do Brasil.

Fomos então em direção ao Ponto Extremo, segundo o Google Earth, e passamos por uma grota bem profunda onde, naquele momento, havia uma rara água cristalina e nos abastecemos dela. Mesmo sendo cristalina, me preveni e coloquei um pouco de hipoclorito de sódio na água.

Vimos uma grande árvore caída e havia um recente lameiro feito pelos caititus. Deu para ver suas pegadas e marcas ainda perfeitas. O problema era que, onde tinha esse tipo de animal, quase sempre havia alguma onça por perto a sua espreita, esperando uma oportunidade para atacar.

Retornamos um pouco pela mesma trilha e viramos à direita rumo ao Ponto Extremo segundo o IBGE. Ainda bem que nesta parte, apesar de que a mata estava bem fechada, não havia nenhuma montanha ou penhasco significante e caminhamos mais rápidos para não perdermos tempo.

Voltamos ao 76 para irmos ao Ponto Extremo Astronômico, onde não existia nenhuma marcação, mas de qualquer forma eu passaria por ele e instalaria um marco. Logo no início do caminho para o Astronômico, vimos marcas antigas dos tratores de madeireiros peruanos ilegais que cortavam e roubavam nossas madeiras há alguns anos por ali. Depois, caminhamos entre abismos e grotões que parecia que nos levariam ao mundo perdido dos dinossauros. Qualquer vacilo ali e poderia acontecer um sério acidente, por isso prestei bastante atenção onde pisava. Que lugar mais assombroso, misterioso e fascinante! Creio que pouquíssimas pessoas já pisaram ali. Parecia que, a qualquer momento, veríamos o Mapinguari! Vi no GPS que estávamos a menos de 600 km em linha reta do Oceano Pacífico. O Brasil tinha que ter conquistado uma saída para o Pacífico. Isso faria que nosso país crescesse mais igualmente, como aconteceu com outros países das Américas.

Vimos uma outra grande árvore caída recentemente, e com certeza foi por causa de uma forte ventania que aconteceu por ali. Sua copa de baixo, onde estavam as raízes, tinha uma largura aproximada de 5 m de diâmetro.

Chegamos ao local onde seria o PEOCRN e do Brasil de acordo com as coordenadas fornecidas pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Este era realmente o PEOCRN e do Brasil e instalei um marco simbólico, o qual como já disse antes, o chamei de Astronômico só para representar a minha passagem. Com certeza este marco poderá servir de referência e de orientação no futuro.

Voltamos para o 76 e vimos uma onça-parda. Um dos mateiros/carregadores disse que ela era do tipo maçaroca, ou seja, aquela que tem uma lista preta nas costas até a ponta da cauda. Descobri mais um nome desse lindo felino, também chamado de onça-vermelha, sussuarana, puma, leão da montanha e pantera cor-de-rosa. Esse felino ainda era o único existente nas três Américas. Por isso a variedade enorme de nomes. Ela estava comendo as fezes de um mateiro/carregador que havia ficado ali no acampamento junto com os outros nos esperando e levantava para nos espiar. No início, achamos que era outro animal, mas depois deu para perceber bem que era uma onça. Fizemos bastante barulho e jogamos algumas pedras para ela se afastar de nós. Assim como a onça que vi na BR-319 quando fiz a Norte-Sul, aquela também foi se retirando devagar, majestosamente e desconfiada, em sentido contrário. Não deu para fotografá-la com o zoom porque a bateria da máquina profissional estava fraca, mas pelo menos deu para fotografar depois os vários arranhões que ela deixou em uma árvore ali por perto.

Não consegui comer quase nada durante o almoço. Logo depois os mateiros/carregadores arrumaram tudo e saímos do 76 por volta das 14 horas, passando logo em seguida pelo 76-1.

Vi macacos acari, macacos-prego, mutuns, uma paca, um queixada, um caititu e vários jabutis até naquele momento. Passamos novamente pelo pequeno trecho de taboca (bambus com espinhos). Porém, nada tão difícil como em 2012, quando estive ali pela primeira vez e percorri uns 6 km dentro da taboca.

O percurso que eu havia caminhado indo e vindo dos outros Pontos Extremos pesariam naquela tarde. Caminhamos mais 4 km e paramos no final do dia com todo mundo muito cansado.

Os rapazes mais novos do nosso grupo faziam uma zona danada e ficavam fuçando tudo na floresta. Pareciam um monte de investigadores. Não sei como não levaram alguma mordida de cobra ou de outro bicho. Por falar nisso, graças a Deus, não vimos nenhuma cobra, diferentemente de 2012, quando uma surucucu armou o bote a 1 m de distância de mim e escapei por pouco.

Os mateiros/carregadores armaram suas redes a mais de 2 m de altura do chão por causa do medo de cobras e de onças que poderiam aparecer. Por isso, o meu amigo começou a ficar com muito medo à noite e sempre armava a sua barraca no centro do acampamento e perto de todos. Eu morria de rir e ficava tranquilo nas extremidades dos acampamentos. Eita cara medroso!

À noite, enquanto conversávamos no acampamento, pedi para o meu amigo buscar uma coisa na minha barraca e o distraído a deixou aberta. Entraram dezenas de mariposas e de outros insetos que me fizeram ficar a noite quase toda matando-os do lado de dentro da barraca para conseguir dormir. Mais tarde, fez muito frio, mas dessa vez dormi bem agasalhado.

PONTO EXTREMO OCIDENTAL DA REGIÃO NORTE (PEOCRN) * OESTE *