PARQUE NACIONAL CABO ORANGE

 

INFORMAÇÕES IMPORTANTES:

 

QUANDO IR:

Prefira ir na época em que as chuvas estiverem parando, pois desta forma aparecem mais praias e é possível avistar mais animais selvagens, ou seja, em julho ou agosto.

 

O QUE LEVAR:

Leve a autorização concedida pelo ICMBio e avise o chefe do PARNA pelo menos 15 dias antes de sua ida. Além disso, leve uma capa contra chuva, uma boa bota de cano longo (as de borracha espessa protegem tanto de picadas de cobras quanto de se molhar ao atravessar charcos e pântanos), meião ou meias especiais, esparadrapo e algodão, repelente, protetor solar, boné, óculos de sol, roupas de uso pessoal (prefira as de nylon ou de material leve), um bom GPS com as coordenadas já marcadas, power bank (carregador para aparelhos eletrônicos), lanterna de testa, aparelhos eletrônicos pessoais, barras de cereal, bananas desidratadas, uma ou outra bebida energética, produtos de higiene pessoal, etc.

A água pode ser levada em garrafões de 20 litros.

Leve um tênis daqueles a prova d’água para ficar na voadeira e ao descer nas ilhas de areia.

Leve um Específico Pessoa para amenizar eventuais picadas de animais peçonhentos para as primeiras horas.

Leve bastante comida e lanches ou acerte também almoços e jantares nas casas dos ribeirinhos por meio do seu piloteiro.

 

COMO CHEGAR:

De avião comercial para Macapá-AP e alugar um carro ou ir de ônibus ou de táxi para Calçoene-AP para conhecer a parte Sul do PARNA, depois ir para vila Velha-AP para conhecer a parte Central e por fim ir para Oiapoque-AP para conhecer a parte Norte do PARNA. Em todas essas cidades será preciso contratar uma voadeira com piloteiro para se chegar ao PARNA.

           

CIDADES DE APOIO:

Calçoene-AP na parte Sul e Oiapoque-AP na parte Norte. A vila Velha encontra-se entre essas duas cidades e o acesso é bastante precário. Oiapoque-AP tem uma estrutura um pouco melhor.

 

ATRAÇÕES:

Em Calçoene-AP há o rio Cunani, em vila Velha-AP há o rio Caçiporé e no Oiapoque-AP há o rio Oiapoque de águas escuras e limpas. Cada rio tem a sua particularidade. Existem ilhas e praias no rio Oiapoque e o Ponto Extremo Setentrional Marítimo do Brasil próximo de sua foz. Nos rios Cunani e Caçiporé há a pororoca. A praia dos Búfalos (nome dado por mim) é a única do mundo onde ocorre o encontro do Cerrado com o mar. Avistamentos de animais e da flora diversificada, etc.

 

DICAS:

Não deixe de pegar autorização no ICMBio para qualquer lado que for ao PARNA.

Converse com os piloteiros e combine todos os lugares e o que fazer antes porque senão o preço pode mudar muito.

Procure ir sempre de calça e camisa manga longa de tecidos finos para se proteger do sol e dos mosquitos sem suar muito no calor amazônico.

Mesmo com a devida autorização nas mãos nunca deixe de ir acompanhado com pessoas que conheçam bem a região.

Cuidado ao entrar nas praias marítimas, pois a maré naquela região varia de uma hora para a outra e pode subir muitos metros de altura.  

           

RISCOS:

Raios, ventanias, chuvas fortes, inundações, pororocas, quedas de árvores, marés altas, lama e areia em forma de movediça, etc.

Onças, animais peçonhentos e outros animais selvagens.

Acidentes de forma geral, se perder, afogamentos, cortes, picadas, mordidas, insolações, desnutrições, intoxicações alimentares, adquirir vermes, doenças tropicais, etc.

 

DIÁRIOS:

Acordei às 3 horas da madrugada e fomos à beira do rio Oiapoque para arrumar tudo na catraia que alugamos com um velho piloteiro. Todo mundo disse que no passeio de hoje iríamos gastar uns 140 litros de gasolina e o senhor que vai nos levar disse que seriam só 70 litros. Resolvi comprar 100 litros só para garantir. Fomos adiante e passamos por várias vilazinhas, tanto do lado brasileiro quanto do lado da Guiana Francesa. Nas margens há muita aniga, que é uma planta do mangue de caule alto e na ponta possui folhas que se parecem com a comigo-ninguém-pode. Depois de duas horas chegamos à boca do rio Oiapoque, onde ocorre a mistura água doce com o mar. Percebi que ali as águas ainda são na cor marrom devido ao rio Amazonas porque a do rio Oiapoque é escura. Logo ali está a Ponta do Mosquito próximo de onde começa o PARNA Cabo Orange. A maré ainda estava alta o que facilitou a nossa passagem. As margens por ali são bem diferentes, ou seja, com um tipo de árvore do mangue que se parece com um eucalipto. Super estranho! Navegamos por mais de uma hora e chegamos ao Ponto Extremo Setentrional Marítimo do Brasil. Pulei naquela água barrenta e com o fundo lamacento até na margem, onde o mangue predomina por kms. Caminhei por entre aquele mangue diferente com o ajudante do nosso piloteiro. Meu corpo entrou na lama até no quadril e foi difícil sair dali. Depois tive que trocar as roupas e lavar as outras que estavam repletas de lama. Continuamos e paramos num barco de pescadores, o qual estava carregado de tainhas no porão e mais uma remessa recém-tirada da rede. Os pescadores deram seis tainhas para o nosso velho piloteiro. Há muito peixe por essas bandas. Depois fizemos uma volta na península do Cabo Orange e retornamos para o outro lado. Vimos caranguejos vermelhos, dos quais as aves guarás se alimentam e que lhes dão a linda cor vermelha. A maré já estava baixa e uma grande faixa de lama apareceu. Milhares de aves estavam ali se alimentando e os lindos guarás também. Muitos tralhotos (peixes com duas pupilas em cada olho para melhor enxergar dentro e fora d’água) e outros peixes que estavam fugindo dessas aves para não serem comidos. Alguns cardumes chegaram a bater na lateral de nosso barco. Mais para a frente descemos numa ilha de areia firme só para ver como era. Voltamos para a cidade do Oiapoque e chegamos às 15 horas. Sobraram 35 litros de gasolina e negociamos no pagamento da diária do nosso velho e experiente piloteiro. Passeio legal!

Já em outro dia, com todo o atraso saímos do Oiapoque-AP às 11 horas. Às 12h30 parei para almoçarmos próximo da entrada para vila Velha-AP e depois percorremos uma estradinha dentro da Floresta Amazônica até esta vila. Ao chegarmos lá vimos o rio Caçiporé, o qual é barrento e fui logo procurando um piloteiro para nos levar para conhecermos a parte central do PARNA Cabo Orange, onde eu vi na internet que existem campos ou Cerrados. Fiquei sabendo depois que lá na ponta do Cabo Orange, na boca do rio Oiapoque, onde estivemos ontem também há campos depois na margem pantanosa do Mangue. Na hora de sairmos com a canoa movida a rabeta achei interessante a técnica de descer o barco no barranco lama adentro, ou seja, uma pessoa balança a canoa e ela vai se escorregando para o rio, enquanto outra pessoa fica lá em cima do barranco controlando-a numa corda.

O piloteiro disse que todos os dias de manhã cedo e de noite aparece a pororoca que vem de uns 70 kms de distância. Fiquei super interessado de ver esse fenômeno, mas o tempo não iria dar. Por isso que todas as construções por ali eram feitas de palafitas bem altas. Navegamos 12 kms descendo o rio e vimos três campos. Vimos dois tuiuiús que pareciam dois aviãozinhos de longe. Vimos também algumas garças-brancas e garças-mouras, além de gaivotinhas, Martins-pescadores e bem-te-vis-do-mangue. Percebi que a predominância por ali nas margens do rio Caçiporé é a de tabocas. Paramos no último campo e achei lindo o visual das veredas que se perdiam de vista. Voltamos para a vila e pegamos a estradinha na floresta. Vimos uma cutia. Chegamos à BR-156 e ainda dirigi até às 20h para chegarmos à Calçoene-AP. 

Hoje saímos de Calçoene-AP às 9h30 e pegamos uma estradinha bem ruim nos campos a se perder de vista. Vimos peixes agulhas e pequenas vitórias-régias em alguns rios deste caminho. Chegamos ao rio Cunani às 11 horas e foi preciso atravessar uma ponte pênsil de uns 80 m até a vila de mesmo nome, a qual é um quilombo. Fiquei surpreso com um lugar. Havia uma igrejinha muito bem conservada e boas casas de madeira. Conversei com o piloteiro dali e ele me disse que demoraria 2h30 para chegarmos à boca do rio Cunani. Perguntei se havia outro lugar mais perto da boca do rio Cunani e ele disse que eu teria que voltar 5 km e andar mais 5 km para chegar à vila União. Eu já sabia disso, mas só quis confirmar se acharia algum barco com piloteiro por lá. Após chegarmos à vila União consegui combinar tudo e ainda comemos uma galinha caipira na casa de um velho pescador. Na verdade, essa vila é a união de algumas poucas casas de uma mesma família. Fomos em frente e também teríamos que respeitar a maré porque há uma corredeira que só pode ser atravessada na maré cheia. Com isso, teríamos que voltar lá para às 18 horas. O rio por ali também é lamacento nesta época de verão e a predominância da vegetação nas margens desta parte sul do PARNA Cabo Orange é a de açaizeiros com floresta. Vimos alguns peixes grandes mortos, que segundo o nosso piloteiro, foi por causa da não adaptação deles a água doce, onde que os mesmos se perdiam com a maré alta. Passamos por algumas casas construídas dentro e fora do PARNA. Ao chegarmos à boca do rio Cunani ficamos impressionados com a largura da praia de cor marrom. Mais impressionados ainda foi com o fato de que ali estava a única praia do mundo, e ainda mais com a areia branca, onde o cerrado se encontra com o mar. Muito legal, pois, como já disse antes a praia de Goiabal, o cerrado acaba uns 7 km antes. Interessante. Essa daqui não tem nome e pertence à Calçoene-AP. Caminhamos na areia branca e fomos até a casa da fazenda logo ali. Vi que havia búfalos por ali e resolvi chamar a praia de praia dos Búfalos. O caseiro nos recebeu super bem e descansamos por um bom tempo ao canto de vários japiins com seus ninhos numa bonita árvore. O caseiro fez uma tainha assada para nós e conversamos sobre a vida dele por ali. A água do mar estava muito longe por causa da maré e não deu para banhar. Além de que, nesta época, a cor dela não era muito atraente. Mais tarde o caseiro trouxe todos os búfalos para o curral junto com seus bezerros. Os cachorros pareciam ser ensinados e cercavam os bezerros para que eles não fugissem. Lá para às 17 horas fomos caminhar pela praia de areia marrom e vimos a carcaça de um búfalo e várias garças pousadas no horizonte da praia. Em algumas poças haviam vários tralhotos presos. Saímos às 18 horas e navegamos no escuro até a camioneta. Chegamos à Calçoene às 21 horas.

 

SUGESTÕES:

Seria importante as cidades de Calçoene-AP e Oiapoque-AP melhorarem a qualidade dos serviços e a infraestrutura para melhor atender os turistas e outros.

O PARNA possui muitas atrações que não são divulgadas e nem sinalizadas.

 

OBSERVAÇÃO:

As informações aqui contidas são meras experiências passadas por mim neste PARNA e em suas redondezas. Portanto, não me responsabilizo pelos riscos e problemas que possam acontecer e nem em garantir que tudo dará certo para propensos visitantes a este PARNA e as suas redondezas. Cabe a cada propenso visitante se responsabilizar pelas suas decisões e atitudes, procurando sempre um comportamento lícito e compatível com o local, com a fauna, com a flora e com as pessoas ali residentes e nativas. Além de que deverá seguir as regras do ICMBio, as regras de segurança e o uso adequado de seus equipamentos durante toda a visitação deste PARNA e de suas redondezas.