Prefira ir na época em que as chuvas estiverem parando, pois desta forma aparecem mais praias e é possível avistar mais animais selvagens, ou seja, no início do inverno.
O QUE LEVAR:
Leve a autorização concedida pelo ICMBio e avise o chefe do PARNA pelo menos 15 dias antes de sua ida. Além disso, leve uma capa contra chuva, uma boa bota de cano longo (as de borracha espessa protegem tanto de picadas de cobras), meião ou meias especiais, esparadrapo e algodão, repelente, protetor solar, boné, óculos de sol, roupas de uso pessoal (prefira as de nylon ou de material leve), um bom GPS com as coordenadas já marcadas, power bank (carregador para aparelhos eletrônicos), lanterna de testa, aparelhos eletrônicos pessoais, barras de cereal, bananas desidratadas, uma ou outra bebida energética, produtos de higiene pessoal, etc.
Leve um Específico Pessoa para amenizar eventuais picadas de animais peçonhentos para as primeiras horas.
Leve bastante água e lanches.
COMO CHEGAR:
De avião comercial para Belém-PA e de lá alugar um carro ou ir de ônibus ou de táxi por 653 km até Parauapebas-PA.
CIDADES DE APOIO:
Sem dúvida a melhor cidade é Parauapebas-PA com boa estrutura.
ATRAÇÕES:
O PARNA em si é único e ímpar. Não há registros de nenhum outro PARNA neste sentido no Brasil e talvez até no mundo. Pedras com o efeito magnético de imã, cachoeiras, lagoas enigmáticas, grutas, trilhas, campos, florestas, etc.
Há também o avistamento de animais da fauna amazônica e a flora exótica.
Nas redondezas há a vila Carajás, o zôo muito bem feito e a mina de ferro colossal de Carajás, a qual é uma das mais profundas e maiores do mundo com seus caminhões gigantescos, onde os seus pneus são da altura de um homem.
A piscina de água quente do Garimpo das Pedras é outra opção nas redondezas.
DICAS:
Não deixe de pegar autorização no ICMBio para qualquer lado que for ao PARNA.
Procure ir sempre de calça e camisa manga longa de tecidos finos para se proteger do sol e dos mosquitos sem suar muito no calor amazônico.
Mesmo com a devida autorização nas mãos nunca deixe de ir acompanhado com pessoas que conheçam bem a região.
Leve um imã para brincar com as pedras de minério de ferro que se encontram soltas ao ar livre.
RISCOS:
Raios, ventanias, chuvas fortes, trombas d’água nas cachoeiras entre os vales, desmoronamentos, quedas de árvores, etc.
Onças, animais peçonhentos e outros animais selvagens.
Acidentes de forma geral, se perder, quedas, escorregões, cortes, picadas, mordidas, insolações, intoxicações alimentares, adquirir vermes, doenças tropicais, etc.
DIÁRIOS:
Hoje de manhã arrumei alguns detalhes da camioneta e tirei todas as autorizações possíveis para se conhecer o PARNA Campos Ferruginosos. Saímos então de Parauapebas-PA às 8 horas depois de buscar o nosso guia no ICMBio, de comprar o almoço e de buscar a minha carteira que havia deixado no hotel. Fomos rumo a vila Sedere 1 e iniciamos a subida na Serra da Bocaina, onde estão os campos Ferruginosos desta área. A subida é super íngreme e com trechos de pedras soltas e outros com muito pó seco. Tracei o 4×4 leve e fomos até um certo ponto. A vista do horizonte é linda e mais distante foi possível ver Parauapebas-PA apesar do tempo meio nublado. Depois tracei o 4×4 pesado e fui de primeira em um trecho difícil com pedras soltas. A camioneta patinava e descia. Voltei alguns metros para trás onde havia um único refúgio nivelado para descanso. Achei que não conseguiria passar. Tracei então a segunda, peguei o maior embalo possível e a camioneta foi rasgando tudo, pois eu meti o pé no acelerador para valer até conseguir passar. Depois parei e deixei o motor esfriar um pouco num trecho menos íngreme. Enquanto isso tirei algumas fotos. Neste momento já estava em uma altura tremenda e era inacreditável o percurso que havia subido. Continuamos e apareceu outro trecho de lascar. Desta vez cheio de pó seco e com as valetas de rodagem bem profundas. Fui com tudo na tração pesada de segunda e quando cheguei ao meio do trecho a camioneta perdeu a força. Voltei para trás e com o precipício ao lado e pensei em desistir. Decidi tentar uma última vez, Peguei um bom embalo e de novo a camioneta perdeu a força no meio daquele difícil trecho. Agi rápido, puxei o freio de mão, passei a primeira e fui controlando com o freio de mão a embreagem e o acelerador. Incrível, essa técnica que inventei na hora, e fui conquistando a subida de metro em metro até que finalmente consegui passar esse último trecho bem dificultoso. Caramba, que luta! Nunca havia pego uma subida tão difícil assim. Fiquei satisfeito com a minha camioneta e ao mesmo tempo com pena dela. Ao chegar lá em cima da serra passamos por uma trilha cheia de pedras grandes e logo chegamos aos campos. O lugar é impressionante e ímpar. Dos 60 PARNAs que já conhecia, este é um daqueles especiais. E olha que houve um incêndio suspeito há uns 20 dias atrás e que estamos na época da seca ou no verão, como falam por ali. Andamos com a camioneta por cima do minério de ferro e existem vários formatos como pedrinhas que medem centímetros, pedras grandes, rachadas, inteiras, entre outras formas. Um paraíso para os geólogos. Tudo ainda recheado de musgos, líquenes, algumas lagoas secas e um capim parecido com o da savana africana. Mais para frente vimos uma esponja de aço natural, bem delicada e que se desintegra, se a apertássemos um pouco. Coisa fantástica que nunca havia visto antes. Outra coisa que nunca havia visto foi quando peguei um imã de geladeira e toquei nas pedrinhas. Elas grudaram nele e outras tinham até o efeito repelente do imã. Impressionante e extraordinário! Putis, o Brasil tem cada lugar maravilhoso e muitas belezas ocultas! Passamos por algumas veredas e numa lagoa ainda meio úmida por causa do brejo ali existente e com um junco brotando da recente queimada. Nosso guia disse que 300 bombeiros e dois helicópteros participaram da operação para tentar apagar o recente incêndio. Mas naquele dia a ventania estava muito forte e dificultou demais. Voltamos e fomos numa outra área, onde pesquisei no Google Maps e lá dizia ter o menor rio da savana amazônica. No local não havia nada de rio e tão pouco uma nascente. Nosso guia disse que nem na época das chuvas ou no inverno, como chamam por ali, brota alguma água naquele lugar. Continuamos e fomos conhecer uma cachoeira ali por perto. Caminhamos cerca de 800 m numa descida cheia de pedras soltas e chegamos a uma linda cachoeira de água cristalina cercada de pedras de minério de ferro. Nosso guia disse que esta cachoeira ainda não tinha nome. Ali por perto há um tipo de resina de borracha na cor laranja e super diferente de tudo que eu já tinha visto, chamada de lacre. Outra coisa impressionante que pensei foi o porquê que não pesquisaram mais sobre isso e não a utilizam em algo. Sugeri ao nosso guia que batizássemos a cachoeira de cachoeira do Lacre. Tomamos um banho excepcional e na hora mais quente do dia> Aproveitamos para almoçar ali também. Depois do refrescante banho, subimos um pouco a serra e passamos em duas grutas. Numa delas, havia restos de cerâmicas pré-históricas e até um fóssil de algum animal desta época. Mais um tesouro. Caminhamos mais um pouco e chegamos a outra cachoeira, desta vez mais pequena e com menos luminosidade do que a do Lacre. Esta daqui poderia ser chamada de cachoeira do Lacrezinho. Do lado dela há fortes indícios de existir uma gruta, porém de difícil acesso. Caramba, esse PARNA é uma pedra preciosa para o turismo a ser lapidada. Voltamos para a camioneta e a subida foi de lascar. Fomos numa antena ainda em funcionamento logo ali e depois voltamos para descer a serra naquele mesmo caminho perigoso. Desta vez fui no 4×4 pesado e de segunda. A camioneta resvalava para caramba, mas o 4×4 a segurava bem. Vimos três caras numa moto colocando fogo ali na mata. Nos olharam assustados e o nosso guia disse que iria avisar os guardas da área florestal para onde estávamos indo. Depois da temida descida o parece que agora estava mais tranquilo. Fomos em direção da ferrovia da Vale do Rio Doce, a qual corta o PARNA no meio. Acho estranho e muito errado isso, ou seja, um PARNA com uma ferrovia, rodovia ou estrada por dentro. Isso também acontece no PARNA Amazônia e no Jamanxim. Penso que deveria no máximo ser nos limites dos PARNAs, porque vários animais são atropelados desta forma, principalmente à noite. Passamos pela guarita onde havia um guarda e prosseguimos. A estrada vai beirando a ferrovia e do outro lado está o rio Parauapebas e muitas montanhas. Nosso guia disse que ali há muito minério de ferro, manganês, cobre, ouro e níquel. Existem várias minas desses minérios ao redor. Paramos na sede do PARNA e conversamos um pouco com os guardas. Um deles nos mostrou uma estrada no horizonte e disse que por ali era mais fácil de se subir em direção aos campos ferruginosos, onde estávamos. Putis, o nosso guia nem sabia disso e me fez passar por aquele caminho super perigoso e penoso para a camioneta! Ali na área da sede é um vale muito fértil, onde havia várias chácaras e fazendas que já foram desapropriadas. E olha que esse PARNA tinha apenas cinco meses de criação. A Vale em parceria com o ICMBio estava reflorestando a área com espécies nativas. Vimos um casal de araras-azuis e outro casal de araras-de-lear e o guarda com quem conversamos disse que já viu vários animais como queixadas, antas, tamunduás-bandeira e onças. Putis, devíamos ter dormido ali! Continuamos e paramos num trecho da ferrovia para a vê-la de perto. Os dormentes são de concreto e estão a cada 40 cm do outro. A obra é muito bem feita e para durar décadas. O rio Parauapebas estava bem seco nesta época, mas para frente em uma pequena lagoa quase seca vimos alguns pássaros e uma família de quatis. Saímos do PARNA, paramos numa vila para lanchar e depois assistimos mais o lindo pôr do sol. Chegamos à Parauapebas-PA às 19 horas. Hoje o dia foi fera.
Já em outro dia, quando fui abastecer a camioneta, abri o seu capô para colocar água no radiador e de repente percebo que o mesmo estava sem a tampa. O abestado do meu amigo irresponsável se esqueceu de pôr a tampa de volta numa dessas paradas que fizemos para pôr água e desde ontem estávamos rodando com um radiador quase seco, correndo um risco enorme de fundir o motor. Fiquei furioso com esse bendito e o guia do ICMBio ofereceu a camioneta deles para nos levar. Acho que ele percebeu que havia errado ontem por não ter nos levado para subir a Serra da Bocaina pelo trecho mais fácil, e agora quis se redimir. Beleza, pelo menos pouparei o meu carro. Fomos em frente para conhecer a parte Oeste e Sudoeste do PARNA. Passamos pela vila Núcleo de Carajás-PA e depois chegamos à área de mineração com toda a estrutura de caminhões e tratores gigantes, esteiras, tubulações quilométricas e etc. Paramos ao lado de um desses caminhões gigantes, o qual estava em exposição e ficamos impressionados. Os seus pneus são maiores do que nós e só o tanque de combustível leva 4.900 litros de diesel. Todos os seus comandos são computadorizados, aceitando qualquer um a dirigir. Ao lado dele há um mirante da mina de ferro, a qual é a maior do mundo ao ar livre. É um buraco imenso. A gente vê esses gigantescos caminhões rodando o tempo todo lá embaixo e eles ficam pequenininhos dali de longe em meio àquela colossal cratera feita pelo ser humano. Nosso guia disse que eles trabalham 24 horas por dia e 365 dias por ano. Contei 25 camadas de aproximadamente 15 metros de altura cada uma, o que daria quase 400 metros de profundidade. Sem contar que onde está o buraco hoje havia uma montanha bem alta que sendo cavada aos poucos. Prosseguimos e entramos no PARNA que por ali é constituído em sua maior parte de uma densa Floresta Amazônica. Vimos mutuns, jacus, cutias, cobras, antas, etc. Passamos por um grande ninho de harpia ou gavião-real numa castanheira gigante, onde há um observatório no mesmo esquema daquele de Alta Floresta-MT. Pena que não estava na época de procriação dessa magnífica ave, a qual deveria ser o símbolo máximo do Brasil, e não um papagaio idiota ou um tucano. Continuamos e paramos no mirante da harpia ou do gavião-real. O local é lindo e mais uma excelente atração desse PARNA. Consiste num imenso lajedo de frente a várias montanhas cobertas de floresta. Parece uma rampa para asa deltas e sua vegetação ao redor possui cactos, canelas-de-ema, orquídeas e lógico floresta. Características de três biomas no mesmo lugar, ou seja, Caatinga, Cerrado e Floresta Amazônica. Incrível! Em algumas partes desse lajedo encontramos pedras brilhantes. Depois de uma boa andada, chegamos à Lagoa do Amendoim. Cara, que lugar doido é esse! Tão enigmático quanto o Monte Roraima-RR. Parece com uma área de vulcão ou até mesmo com outro planeta. Lembra um filme de ficção científica. É tão diferente que nem me atrevi a tomar banho ali, apesar de ver alguns marrecos boiando. Havia também algumas plantas de aquário e tudo ao redor era de rochas e de pedras de minério de ferro. Esse lugar deve ser da época dos dinossauros com certeza. Fiquei alucinado. Voltamos e fomos à Lagoa do Violão, a qual é no mesmo esquema da anterior, porém com um ar meio fantasmagórico por causa de certas barbas-de-velho grudadas em algumas árvores ao redor. Essa lagoa é bem maior do que a outra e parece ter uma saída em uma das suas extremidades. Por ali havia uma lagartixa diferente e atrevida que quis nos atacar. Havia também cocô de capivaras. Retornamos e fomos à cachoeira Água Clara 1 e 2. A trilha é a pé e é chamada de Trilha do Peito de Ferro em homenagem àquele passarinho que em outros estados amazônicos é conhecido por Capitão do Mato, ou Seringueiro, ou Sebastião, ou Frifrió, ou Cricrió. Caramba, mais um nome para esse passarinho danado e barulhento. Os danados nos acompanharam por muito tempo com seu o canto bem singular. As tais cachoeiras eram pequenas, porém, realmente com água bem clara. É um local bastante frequentado pelos nativos locais. Na volta vimos várias borboletas de espécies diferentes. Uma delas possui um bom disfarce, e não era um mimetismo, ou seja, sua calda se parece mesmo com a sua cabeça. Fizemos um longo caminho de volta e penso que percorremos cerca de 100 km ali dentro desse PARNA. Ainda paramos de novo na imensa mina de Carajás, e desta vez em outro ângulo para observar novamente o movimento das máquinas. Impressionante! E de novo, o pôr do sol também foi impressionante. Parabéns ao atual caçula dos PARNAs brasileiros com sua forte perspectiva turística.
Hoje de manhã fomos conhecer o Garimpo das Pedras a cerca de 70 kms de Parauapebas-PA. Para quem acha que a Amazônia é constituída só de areia e não possui montanhas, essa região contraria todos esses conceitos, pois são serras atrás de serras e a predominância ao redor é do solo ferruginoso com Tabatinga (barro amarelo típico da região). Ao chegarmos ao Garimpo das Pedras fiquei impressionado com a beleza do lugar, e por sorte duas camionetas carregadas de gente estava acabando de ir embora. A água é verde cristalina e por incrível que pareça quente. A piscina tem uns 15 m por 10 m, está cercada de verde, o fundo é de areia com pedras grandes e possui uma bica central com água mais quente ainda. Do lado frontal e de fora há várias bicas que servem como chuveiros. Lembrei-me de Rio Quente-GO, quando fui ainda garoto com o meu velho e era tudo selvagem ainda. Realmente valeu a pena vir aqui e tomar banho. Ainda teve gente lá em Parauapebas-PA que disse que não valia a pena. Esse negócio de ouvir opiniões é muito relativo. Prefiro conhecer pessoalmente os lugares. De lá voltamos à Parauapebas-PA e seguimos rumo às cachoeiras do Goiano. Almoçamos uma comida deliciosa perto da entrada para as cachoeiras e depois fomos lá. Elas estão dentro do PARNA e o proprietário fez uma roça muito boa no local com diversas frutas e mandiocas. É complicado esse negócio do ICMBio chegar a uma área e querer fazer um PARNA. Muitas pessoas que ali já estavam há muitos anos se revoltam com razão e com a demora das indenizações. Isso sem contar todo o carinho e a dedicação que elas investiram naqueles lugares. Pelo menos por aqui a Vale iria ajudar. Há duas cachoeiras bem bonitas perto da casa do goiano que despencam de paredões onde existem cavernas abaixo. A gente passa por dentro dessas cavernas e por detrás das cachoeiras. O goiano fez várias mesas e bancos para os turistas nesse local. Caminhamos mais de 500 m numa subidinha meio forte por entre os paredões e atravessamos o rio várias vezes até que chegamos às cachoeiras maiores. O engraçado é que a gente estava a somente 700 m de distância daquela cachoeira do Lacre, onde estivemos há dois dias atrás. O problema era a acessibilidade entre elas que era quase impossível devido aos penhascos da serra. Aqui nessas outras duas cachoeiras há um poço pequeno na frente, porém as quedas são maiores e medem aproximadamente uns 15 m de altura. O local é super refrigerado e parece que existe um ar condicionado gigante por ali.
SUGESTÕES:
Seria importante incorporar a área do Garimpo das Pedras ao PARNA Campos Ferruginosos, pois ali existe uma piscina de água quente raríssima na região.
OBSERVAÇÃO:
As informações aqui contidas são meras experiências passadas por mim neste PARNA e em suas redondezas. Portanto, não me responsabilizo pelos riscos e problemas que possam acontecer e nem em garantir que tudo dará certo para propensos visitantes a este PARNA e as suas redondezas. Cabe a cada propenso visitante se responsabilizar pelas suas decisões e atitudes, procurando sempre um comportamento lícito e compatível com o local, com a fauna, com a flora e com as pessoas ali residentes e nativas. Além de que deverá seguir as regras do ICMBio, as regras de segurança e o uso adequado de seus equipamentos durante toda a visitação deste PARNA e de suas redondezas.