Prefira ir naquela época quando as chuvas diminuem e sol começa a predominar, pois assim as cachoeiras ainda estarão cheias e as trilhas ficarão boas de se caminhar, ou seja, de fevereiro ao final de maio.
O QUE LEVAR:
Leve meias especiais, esparadrapo e algodão, repelente, protetor solar, boné, óculos de sol, roupas de uso pessoal (prefira as de nylon ou de material leve), um bom GPS com as coordenadas já marcadas, power bank (carregador para aparelhos eletrônicos), lanterna de testa, aparelhos eletrônicos pessoais, barras de cereal, bananas desidratadas, uma ou outra bebida energética, etc.
Leve um Específico Pessoa para amenizar eventuais picadas de animais peçonhentos para as primeiras horas.
Leve também roupas de banho e um casaco para eventuais noites de vento fresco. No inverno é preciso levar casacos mais fortes e robustos e os banhos nas cachoeiras são mais raros.
COMO CHEGAR:
Chega-se ao PARNA por vários caminhos. O mais comum é vindo de Fortaleza-CE pela BR-222, chegando à Tianguá-CE e depois a Ubajara-CE.
CIDADES DE APOIO:
Tanto Tianguá-CE quanto Ubajara-CE oferecem boa estrutura para os turistas.
ATRAÇÕES:
O PARNA possui várias trilhas, cachoeiras, museu, teleférico, gruta, trilhas antigas, etc. O forte mesmo são os mirantes que a todo momento aparecem dando vários ângulos diferentes de cima da serra de Ibiapina.
DICAS:
Não deixe de pegar autorização do ICMBio caso for caminhar nas trilhas do PARNA.
Procure ir sempre de calça e camisa manga longa de tecidos finos para se proteger do sol e dos mosquitos.
Nunca faça as trilhas sozinho.
Leve muita água para e beber.
Cuidado para não escorregar nos penhascos e pedras das cachoeiras.
RISCOS:
Raios, ventanias, chuvas, quedas de árvores, desmoronamentos, etc.
Onças, animais peçonhentos e outros animais selvagens.
Acidentes de forma geral, se perder, quedas bruscas, cortes, picadas, mordidas, etc.
DIÁRIOS:
Estive por ali há muitos anos atrás e este foi um dos primeiros PARNAs que conheci. Naquela época conheci a gruta de Ubajara, a cachoeira do boi morto, a cachoeira de Murimbeca e outras atrações. Quando estive ali este PARNA era o menor do Brasil. Hoje ele foi ampliado e possui mais de 6.000 hectares.
Acordei cedo porque arrumei uma pousada ao lado de uma padaria e os funcionários começavam o trabalho às 6 horas da manhã. Tomamos café e fomos ao PARNA Ubajara. Conhecemos o museu dali mesmo do PARNA, onde há um pouco da história do mesmo, alguns artesanatos e um crânio de um urso pré-histórico encontrado por ali em outa gruta. Fomos ao mirante do Pendurado, de onde se tem uma linda vista da vila de Araticum e de suas Furnas. Eu queria fazer novamente uma trilha que tinha feito há anos atrás que saía da cachoeira Murimbeca e ia até a gruta de Ubajara, onde há um teleférico, mas nenhum dos guias por ali sabia da existência desta trilha. Chegaram até a falar que ela não existia e eu insistia que sim. Acabei deixando para lá porque o tempo estava passando e não começávamos a fazer logo nenhuma trilha. Resolvi então fazer uma trilha ali por perto mesmo, indo até as cachoeiras e aos mirantes da Gameleira, do Cafundó e do Gavião. Tinha uma árvore na trilha com um buraco no seu tronco que atravessava de um lado para o outro. A cachoeira da Gameleira tinha um pouco de água e dali dava para ver bem a cachoeira do Cafundó despencando no penhasco. Passamos beirando o enorme paredão da Serra de Ibiapina e a vista por ali é muito bonita. Apesar da seca brava a mata ainda estava meio verde e deixou a caminhada mais agradável. Vimos as formações de calcário da gruta de Ubajara daquela formação chamada bambuí, ou seja, daquele mesmo estilo das grutas de BA, de MG e de GO. No caminho fomos encontrando coquinhos de macaúba e de babaçu e comemos alguns deles. Alguns tinham aquela lagarta por dentro que é proveniente de um inseto que fura o coco e coloca os seus ovos. Vimos também uma certa fruta amarela, falsas tucandeiras, sementes olho-de-pombo, ninfas de cigarras, flores de maracujá silvestre, gameleiras esmagando as outras árvores, bambus escadas, imburanas, alguns gongos, samambaias, líquenes, cipós-escadas, jatobás e aquele tipo de planta que parece com uma comigo-ninguém-pode silvestre. A cachoeira do Cafundó tinha uma quantidade boa de água. A primeira e menor cachoeira do Cafundó possui um poço bastante convidativo para um banho e logo na frente há a maior que se despenca do penhasco. Continuamos rumo à cachoeira do Gavião e vimos mais variedades de cipós. A cachoeira do Gavião estava meio seca e tinha só um reguinho com muitos respingos. Deu para ver bem os bondinhos do teleférico que vão à gruta de Ubajara e as suas formações de bambuí também. Algumas flores haviam por ali também. Continuamos e passamos por outros riachos quase secos. Vimos algumas tucandeiras e finalmente chegamos à cachoeira da Murimbeca. Na volta vimos vários pés de imburanas ou amburanas, as quais possuem um tronco com cascas amarelas e verdes e estão sendo muito procuradas para a construção de barris a fim de envelhecer certas bebidas alcoólicas, além de servirem para a área medicinal. Beiramos os penhascos numa outra trilha entre a cachoeira do Gavião e a do Cafundó. Vimos alguns formigueiros e alguns musgos. Passamos ainda num cruzeiro e numa ponte sobre um monte de samambaias. Fizemos até um pouco de arborismo. Caminhamos cerca de 7 km.
Lanchamos ali mesmo no PARNA e à tarde fomos no teleférico rumo à gruta de Ubajara. Descemos no teleférico que também foi modernizado e chegamos a uma área de onde começaria a caminhada à gruta. Vi uma cobra que estava no banheiro ao lado e alguns macacos-prego. Nosso grupo era o último e caminhamos com o guia uns 500 m dentro da gruta. A mesma continua bonita com seus espeleotemas e bem iluminada como antes e chegamos a ver morcegos e alguns amblipígios (espécie de aranha de grutas). Num certo momento o guia deu aquela tradicional paradinha e apagou as luzes para sentirmos como é o ambiente de uma gruta. Num certo salão parecia que havia uma cobertura de algum creme branco nas rochas. O legal é que a temperatura de uma gruta sempre é a mesma tanto de dia quanto de noite. Voltamos e subimos o teleférico. Por ali há a estória de uma lenda que diz que na gruta havia uma linda mulher que encantava os homens e quem a seguisse por dentro da gruta se perdia e nunca mais conseguia voltar. A área dali do PARNA está bastante bonita, organizada e bem sinalizada. Bem diferente de quando estive ali há anos atrás.
Acordei cedo novamente e voltamos ao PARNA para fazermos uma travessia do portão Planalto ao portão Araticum. Tive que voltar ao portão central para assinar um Termo de Assunção de Risco porque estava indo sem guia. Logo na entrada do primeiro portão encontramos um senhor que iria fazer a mesma travessia levando uma tropa de muares, ou seja, com um burro e cinco mulas. Caminhamos numa trilha feita de pedra pelos próprios moradores dali da região há mais de 100 anos atrás e fiquei imaginando o tanto que esse pessoal sofreu construindo aquela trilha sem ganhar nenhum tostão. Essa trilha foi feita para fortalecer o comércio entre as cidades e vilas daquela região e só os moradores podiam utilizá-la, sendo que aos domingos eles não podiam por causa dos turistas. Pegamos descida o tempo topo e muita sombra. O senhor dos muares disse que já tinha visto vários animais selvagens e até mesmo uma onça parda. Logo na descida da serra passamos pelo Mijo da Véia que é uma linda cachoeira. As mulas e o burro iam comendo as frutas que encontravam no caminho e eu ia conversando o tempo todo com o senhor humilde que levava a tropa de muares e ao mesmo tempo eu ia fotografando e filmando tudo ao meu redor. Foi bem legal e me senti quando moleque quando andava de carro-de-boi com os vaqueiros da ex-fazenda do meu pai lá no interior do GO. De repente passamos por uma pele de cobra de quase dois metros de comprimento que a mesma deve de ter trocado recentemente. Levei até um susto, pois ela estava numa posição que parecia a cobra mesmo de verdade. Os muares iam passando pelas partes mais difíceis da trilha sem nenhum problema e quando fui filmar sem prestar atenção escorreguei e levei um tombo. Ainda bem que consegui travar as pernas a tempo para não cair no abismo e só arranhei um pouco uma das pernas. Falei para o senhor que ia conosco guiando os muares que há anos atrás eu tinha feito uma trilha com minha ex-mulher da cachoeira Murimbeca à gruta de Ubajara, mas que nenhum guia por ali sabia da existência dela. Ele me confirmou que realmente havia esta trilha, mas que com o tempo o povo a foi abandonando e ela sumiu na mata. A mata ali da parte de baixo do paredão é mais alta e úmida. Passamos pelo rio das Minas e chegamos ao encontro da trilha que vai a gruta de Ubajara. Paramos ali um pouco para lanchar e o senhor que levava os muares continuou em frente. Por ali há vários resquícios dos antigos moradores que foram desapropriados pelo governo há muitos anos atrás, como pés de mangueiras e de jaqueiras gigantes e outras árvores que foram plantadas por eles. Seguimos em frente, vimos algumas imburanas e um cará-insulina, o qual é um frutinho que ajuda a controlar o diabetes. Logo chegamos ao portão de Araticum, onde havia um ATA (Agente Temporário Ambiental) do PARNA. Vi alguns araticuns, ficamos ali um pouco conversando com o ATA e perguntei sobre a possibilidade de conhecermos as outras grutas, como a do Macaco Fóssil e a do Urso Fóssil, mas nem ele e nem outros ATAs e guias sabiam chegar lá. Eu tinha autorização do chefe do PARNA, mas parecia ser bem difícil chegar nelas sem nenhuma coordenada e apoio de um guia. Disseram-me que não valia muito à pena, pois as mesmas não eram tão bonitas quanto a famosa de Ubajara de onde se vem do teleférico, porém, cada gruta tem sua própria beleza, assim como as mulheres.
De repente chegaram duas camionetas do ICMBio e pedi carona para voltarmos com eles para a entrada principal do PARNA, pois o caminho de volta seria o mesmo. Deu certo, já que o chefe do PARNA nos autorizou a irmos com eles e passamos pela vila de Araticum. Paramos nas Furnas de Araticum, que são uma espécie de gruta de calcário com várias entradas e saídas. Pena que elas estavam cheias de porcos domésticos e com várias casas de moradores “colados” nela. Uma obra da natureza tão bonita como aquela deveria estar dentro do PARNA e bem protegida. O pior é que elas estão a apenas a alguns metros dos limites do PARNA. Logo que paramos vi uma pedra furada com formato de uma cabeça, onde o furo seria um dos olhos, lá no alto e percebi que ela que pode cair a qualquer momento. Caminhamos ali por dentro delas e depois subimos o mirante que existe ali por perto com suas pedras cinzas e afiadas no estilo bambuí. Ali de cima a vista era mais bonita ainda deu até para ver o bondinho do teleférico lá da gruta de Ubajara. Passamos pelo açude da Chapada, pela Serra de Ibiapina e pelo mirante de mesmo nome. Depois passamos na Bica do Vitalino, onde se tem outra vista bonita. Vi alguns líquenes e flores exóticas. Passamos também na cachoeira da Pinguruta, a qual é bem bonita e alta. Se fosse mais cedo eu teria tomado um bom banho ali.
Hoje o plano era fazer a volta no PARNA de Ubajara e conhecer o que desse do resto das atrações. Passamos primeiro no Complexo do Pinga, o qual cobra uma certa entrada. Fomos os primeiros a chegar e passamos para conhecer a cachoeira que tinha um pouco de água e o mirante. Fiquei sabendo naquele momento que havia uma trilha por ali também que atravessava o PARNA assim como a de Murimbeca e a de Araticum. Vimos uma linda flor na cor vinho e outra na cor azul e mais para frente algumas frutinhas pretas, chamadas de cavaçú. Do mirante deu para ver bem o açude Angicos e a cidade de Frecheirinha-CE. Na volta vimos outros líquenes, outras flores e outros jatobás, além de um cipó enforcando uma árvore. Passei num balanço que fica de frente ao penhasco e deu a impressão que eu iria cair dele abismo abaixo. Depois olhamos toda a estrutura recreativa do complexo, como tirolesa, arborismo, diversos chalészinhos, restaurante, lanchonete e etc. Achei tudo muito legal e merecedor de continuar ali funcionando sem problemas com desapropriação, já que o lugar respeita as regras do ICMBio e conserva a natureza.
Depois fomos conhecer os mirantes de Janeiro e do Espia que ficam no município de Tianguá-CE. Após alguns kms chegamos à entrada onde havia uma placa do ICMBio sobre os mirantes e a cachoeira de Janeiro. Caminhamos um pouco numa trilha e logo chegamos ao mirante. A vista dali também é bonita e havia alguns líquenes verdes. Deu para ver melhor ainda o açude Angicos, a vila Bela Vista-CE e outros morros. A cachoeira estava quase seca e deu para perceber que na época das chuvas ela devia ser bem bonita. A marca de suas águas estava bem visível ali nas pedras. Vi um líquen laranja avermelhado bem bonito. As trilhas são bem sinalizadas e ainda havia os resquícios dos antigos moradores por todos os lados. Por ali havia uma lagartixa engraçada com uma listra branca no seu dorso. Voltamos depois e fomos ao mirante do Espia. Vi algumas flores de cebola-brava. Havia uma grande árvore que se “deitava” no precipício do paredão da serra e que certamente era ponto de muitas fotos dos turistas. Vimos jatobás no chão, que aliás, havia por todos os lados do PARNA e mais líquenes laranjas avermelhados apareceram. Logo chegamos ao mirante do Espia. Apesar de que a vista dali é meio que repetitiva, ainda assim valeu à pena, pois a área é super aberta. Levantei o drone e fiz ótimas filmagens. Vi alguns cactos, bromélias, alguns insetos e flores típicas dali. Observei lá embaixo o sítio do Zé Cornel, onde iríamos depois, e que daria para ver de frente o paredão da serra. Deu para ver também o Cristo Ressuscitado de Tianguá-CE num morro ao lado e a BR-222 logo próxima.
Depois seguimos rumo à cachoeira Acarape. Entramos numa trilha abandonada, passamos por algumas plantações de mandioca e descemos uma fenda bem íngreme, sem trilha e com muita mata e pedras. Parecia que a qualquer momento viríamos alguma cobra, mas por sorte nenhuma apareceu. Descemos uns 30 m até que chegamos no topo da cachoeira Acarape, a qual forma um vértice e fica num abismo aberto de frente ao vale. Alguns peixes estavam presos nuns poços e tinham sorte de nenhum predador tê-los visto. Voltamos toda a ribanceira da fenda e descemos a serra pela movimentada rodovia BR-222 até que paramos numa vilazinha para almoçar. Depois do almoço pegamos uma estradinha de terra até o bar do Zé Cornel, o qual se encontra dentro do PARNA. Ele estava lá com uns amigos e pedi permissão para tirarmos algumas fotos do paredão da serra. Depois de tudo certo fomos caminhando no meio de uma roça cheia de espinhos e de pedras grandes até que chegamos a uma árvore verde que eu havia visto lá de cima do mirante do Espia. Levantei o drone ali e filmei o vértice da cachoeira Acarape e os mirantes do Espia e de Janeiro.
Voltamos, agradeci ao Zé Cornel e seguimos adiante. Passamos por Frecheirinha-CE, Fornalhão-CE e chegamos à Araticum-CE novamente. Subimos a serra de Ibiapina de novo e chegamos à Ubajara-CE. Ainda tirei algumas fotos dali no antigo ponto turístico da cidade, ou seja, na estátua de um índio tabajara numa canoa e à noite jantamos uma deliciosa comida típica da região com arroz cremoso, farofa de ovos e carne seca com mandioca, salada e banana frita.
Hoje o dia foi movimentado.
SUGESTÕES:
Deveria de ter visitações às outras grutas com bons acessos e boa sinalização, sendo sempre acompanhado por guias.
OBSERVAÇÃO:
As informações aqui contidas são meras experiências passadas por mim neste PARNA e em suas redondezas. Portanto, não me responsabilizo pelos riscos e problemas que possam acontecer e nem em garantir que tudo dará certo para propensos visitantes a este PARNA e as suas redondezas. Cabe a cada propenso visitante se responsabilizar pelas suas decisões e atitudes, procurando sempre um comportamento lícito e compatível com o local, com a fauna, com a flora e com as pessoas ali residentes e nativas. Além de que deverá seguir as regras do ICMBio, as regras de segurança e o uso adequado de seus equipamentos durante toda a visitação deste PARNA e de suas redondezas.